Henry: Pedido de habeas corpus de Jairinho abala outras famílias em luto
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro julga hoje um pedido de habeas corpus feito pela defesa de Jairo Souza Santos Júnior, o Jairinho. O ex-vereador é réu por homicídio triplamente qualificado no processo que apura a morte de seu enteado, Henry Borel, de 4 anos.
O pedido de habeas corpus mobilizou familiares de crianças que foram vítimas de homicídio dentro da própria casa. Em entrevista ao UOL, eles relatam medo de impunidade e sensação de desamparo.
Henry Borel foi morto no apartamento em que morava com Jairinho e a mãe, Monique Medeiros, em um apartamento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Monique também responde pelo mesmo crime, mas a defesa dela — que é diferente — não pretende pedir habeas corpus a curto prazo.
O Ministério Público sustenta que Henry sofria agressões dentro do apartamento, por parte do padrasto e com anuência da mãe. A série de episódios, afirma o MP-RJ, culminou na morte da criança no último dia 8 de março.
Monique responde pelo mesmo crime. A defesa dela, no entanto, não pretende pedir habeas corpus a curto prazo.
No sul, pai e madrasta mataram criança em 2014
O episódio guarda semelhanças com outro caso que também ganhou destaque no noticiário exatamente 7 anos antes. Em abril de 2014, Bernardo Boldrini, 11 anos, foi assassinado pela madrasta, Graciele Ugulini, com participação do pai, Leandro Boldrini. O casal e mais dois comparsas foram condenados em 2019.
Ainda hoje, a família materna de Bernardo relembra com dor do caso. Desde a morte do menino, a tia Fátima Uglione e seu marido, Roberto Maia, têm mantido contato com outras famílias que passaram pela mesma perda.
Em entrevista ao UOL, Roberto lembra que entrou em contato com Leniel Borel, pai de Henry, para prestar solidariedade. "Não nos conhecemos, mas são perdas muito parecidas. Claro que a dor dele é muito maior, porque ele é pai, mas mesmo assim a gente sente."
Apesar de serem raras as entrevistas, Roberto aceitou conversar com a reportagem por acreditar que é necessária uma pressão popular para evitar que Jairinho responda em liberdade.
"Eu acho uma agressão à memória de todas as vítimas [ele responder em liberdade]. Como cidadão, a gente entende que, se há indícios de envolvimento [com a morte], é importante estar preso enquanto julgado", afirma.
Acusado responde em liberdade por assassinato de bebê
Outro homem que viveu dentro de casa uma dor parecida é Ivan Cesar Bittencourt, avô da pequena Laura. A menina de um ano e sete meses foi assassinada no quintal da casa em que morava com os avós pelo tio-avô com um cabo de madeira.
O homem estava em uma discussão com a avó de Laurinha, como era chamada, e, de acordo com testemunhas, teria dito que iria matá-la e também a criança. Neste momento, bateu com o cabo de madeira no carrinho em que Laura estava.
Depois de atingir a criança, ainda tentou agredir a própria irmã. O golpe na cabeça de Laura foi fatal, e a causa da morte foi traumatismo cranioencefálico. O caso ainda não foi julgado e deve ir a júri popular, ainda sem data estabelecida.
Enquanto isso, Ivan relembra a todo momento da dor de perder a neta e lamenta que casos do tipo demorem a ser solucionados.
"A minha impressão é que não ligam para a gente [famílias vítimas]. Eu vi o tio-avô da Laurinha sair da cadeia e hoje ele está solto, vivendo a vida dele, até o julgamento. Eu fico revoltado", desabafa Ivan.
O acusado pela morte da menina responde ao crime em liberdade, após sua defesa alegar problemas de saúde. Após a liberação, Ivan conta que passou a tomar remédios, se vê abalado e, às vezes, grita sozinho dentro de casa.
Ao saber de casos como o de Henry, ele diz que relembra de tudo que sofreu com a neta: "Esses casos não podem ser esquecidos", define.
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