Topo

Esse conteúdo é antigo

Mulher mordida por piranha leva 30 pontos; especialista explica 'beliscão'

Chrislaine de Oliveira levou mordida no Rio Tapajós - Arquivo pessoal
Chrislaine de Oliveira levou mordida no Rio Tapajós Imagem: Arquivo pessoal

Heloísa Barrense

Do UOL, em São Paulo

09/11/2021 19h53Atualizada em 10/11/2021 10h16

Uma mulher foi mordida por uma piranha enquanto tomava banho no rio Tapajós, em Itaituba (PA), no domingo (7). Chrislaine de Oliveira, de 42 anos, foi atendida pelo Corpo de Bombeiros por volta das 15h e transferida até o hospital municipal da cidade para fazer o procedimento, onde precisou levar 30 pontos.

Segundo a corporação, a professora foi imobilizada ainda consciente e levada de lancha até o porto da cidade, onde uma Unidade de Resgate fez o transporte em direção ao hospital. Ao UOL, ela contou que foi a primeira vez que foi este ano até a praia de Aramanai, às margens do Tapajós, e que, na hora da mordida, não imaginou que o estrago tinha sido tão grande.

Eu senti uma picada rápida que puxou. Na hora eu achei que não tinha sido uma mordida grande. Eu achava que era só uma picadinha, até porque já sou acostumada com peixes da região. Senti a fisgada e rapidamente saí. [...] Eu ainda vi quando ela pulou com o pedaço da minha perna. Eu vi aquele sangue, mas não imaginava que era um pedaço da minha perna. Quando eu vi o tamanho do buraco, me apavorei.

Segundo ela, que estava acostumada a frequentar o local sem muitos problemas, a piranha deu apenas uma única mordida. "O médico costurou de dentro para fora. Eu acho que foi até mais de 30 pontos. Foram duas horas de procedimento no hospital", relembra. Agora, Chrislaine está de cama se recuperando do incidente. "É uma recuperação lenta, tendo em vista que foi uma mordida muito grande", diz.

O professor Luciano Montag, do Laboratório de Ecologia e Conservação do Instituto de Ciências Biológicas da UFPA (Universidade Federal do Pará), explica que a piranha é um animal carnívoro e que, portanto, é atraído pela carne. "Elas são peixes carnívoros, mas também comem frutos. Elas se alimentam de qualquer tipo de carne, ainda mais com sangue — isso atrai piranhas", explica.

Diferentemente do que é representado no cinema, as piranhas, no entanto, não andam em cardumes. "Ela é um peixe solitário e se agregam para comer. Se tem um animal moribundo que às vezes é atacado por outro bicho, as piranhas vão lá começam a tirar mais pedaços. Se o animal não reagir, vão chegar cada vez mais piranhas."

Para o professor, o incidente no Tapajós não é isolado. "Elas estão por toda a América do Sul. Sabemos da existência de 20 espécies. Elas existem até mesmo em lugares do Sul e Sudeste do Brasil, mas, devido ao grande volume de água do Amazonas, há mais ocorrências", explica.

Ele ainda diz que, no caso de Chrislaine, a piranha pode ter sido atraída por algum ferimento ou por carcaças de peixes na região. "É uma carne que está ali, a pessoa poderia já estar com ferimento na perna, poderia ter cortado durante o banho no rio e a piranha vem e dá a mordida. Se fosse um ataque, ficaria apenas os ossos. Como ela saiu da água, a piranha se assustou e foi embora."

O especialista ainda alerta como evitar o ataque de piranhas: "a principal questão é não estar perto de lugares onde estão limpando peixe, ou que tenha muito churrasco, por exemplo."