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Advogado: Financiador da defesa de Adélio Bispo agiu por 'amor ao próximo'

Colaboração para o UOL, no Rio

12/11/2021 09h22Atualizada em 12/11/2021 11h50

Um dos advogados de Adélio Bispo, autor da facada em Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições de 2018, disse a Fabíola Cidral e Josias de Souza, no UOL News desta manhã, que o responsável por financiar a defesa de Adélio o fez por "amor ao próximo". Essa pessoa, de acordo com Pedro Possa, pediu anonimato no caso.

"É uma pessoa ligada a ele (Adélio) religiosamente. Eu não sei a identidade dela, só o doutor Zanone (Muriel, que está à frente da defesa do caso) que sabe, teve contato com ela. Mas não há mandante, um financiador, ninguém que tinha conhecimento prévio dessa ação perpetrada pelo Adélio. Somente ao saber da facada é que ele se dispôs a ajudá-lo por uma questão de amor ao próximo, vamos assim dizer", disse o advogado.

O caso da facada no então candidato Bolsonaro voltou à tona na última semana, após o TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) derrubar uma liminar que impedia a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Zanone. O advogado foi alvo de uma ação da Polícia Federal em dezembro de 2018, quando foram apreendidos computadores, celulares e anotações ficais.

Desde o atentado, que aconteceu em setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), dois inquéritos sobre o caso já foram arquivados. A nova decisão do TRF-1, na visão do advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, pode fazer com que as investigações sejam retomadas.

Uma das provas que o presidente e seu advogado sempre tentam trazer à tona é a de que haveria um mandante, supostamente um político, por trás disso. O que a gente sabe, da defesa, é que isso nunca existiu. Na verdade, só uma pessoa disposta a ajudá-lo quis financiar a defesa e daí entramos no caso.
Pedro Possa, um dos advogados de Adélio Bispo

Possível reabertura

Para o advogado, o caso não deve ser reaberto após a nova decisão do TRF-1. A liminar derrubada agora havia sido concedida pelo tribunal em fevereiro de 2019, a pedido da OAB-MG (Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais).

"Nós não vamos recorrer. Se alguém for tomar providência será a OAB. Não temos nada a esconder, estamos tranquilos com relação a isso. Confiamos no trabalho na Polícia Federal", afirmou Possa.

O advogado critica a decisão de se investigar dados de advogados. Para ele, atos como esse levam insegurança na relação entre o profissional e o cliente.

Imagine se essa moda pega? Imagine todo e qualquer investigado ter o sigilo bancário, telefônico e telemático do seu advogado quebrado? A defesa não vai mais ter qualquer tipo de sigilo de advogar cliente. Isso acaba com a advocacia no geral. Tanto que quem tomou essa providência do mandado de segurança não foi o doutor Zanone, nem eu, foi a OAB-MG.
Pedro Possa

R$ 25 mil para defesa

De acordo com Possa, o escritório de Zanone cobrou R$ 25 mil para fazer a defesa de Adélio. Além de Pessoa e Zanone, outros dois advogados entraram no caso. Do valor inicialmente contratado, apenas R$ 5 mil teriam sido pagos.

"Confio extremamente na Polícia Federal. Se houvesse qualquer tipo de coisa ilegal por trás disso, um financiador, um mandante, com toda certeza já teria sido revelado... Conheço o doutor Zanone, um advogado que tem mais de 20 anos de profissão. Se tivesse que fazer ou participar de algo errado, já teria sido descoberto", afirmou Possa.

Sobre o anonimato pedido pelo financiador da defesa, o advogado disse que a pessoa tem medo de sofrer represálias por apoiadores de Bolsonaro.

Foi celebrado no contrato entre ambos, o doutor Zanone e essa pessoa, de que a identidade dela não seria revelada exatamente para poupá-la, tanto de sofrimento, ameaça, o que quer que seja.
Pedro Possa

Estado de Adélio

Também no UOL News desta manhã, Pedro Possa contou como está Adélio atualmente. O autor da facada em Bolsonaro foi diagnosticado com transtorno mental delirante persistente e, desde setembro de 2018, está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande (MS).

"Tem algum tempo que não o vejo. Até onde eu sei, ele está sendo tratado com medicação, acompanhamento psiquiátrico, tendo em vista o transtorno delirante persistente, doença que o acomete. Segundo nosso psiquiatra, nomeado pela defesa, esse transtorno faz a pessoa exagerar normalmente em três assuntos na vida: política, religião e futebol", disse Possa.

O advogado contou que Adélio não mostra arrependimento pelo que fez, lembrando de uma suposta carta escrita por ele na cadeia ameaçando Bolsonaro e o ex-presidente Michel Temer (MDB).

Não mais ouvi ou tive notícia parecida. Acredito que o tratamento tenha surtido efeito e ele já esteja melhorando a consciência nesse sentido.
Pedro Possa