Pai escala 60 m para pedir resgate de família após carro cair em ribanceira
"Nossa família nasceu de novo". Com essas palavras o pintor Sidnei Fidelis, de 37 anos, resume o sentimento de alívio horas depois de escalar 60 metros de um montanha e correr por cerca de dois quilômetros para buscar ajuda para o resgate de sua esposa e filho, depois que o carro da família caiu numa ribanceira em Santa Catarina. O acidente ocorreu por volta das 20h30 de ontem na área rural da cidade de Dona Emma, no Vale do Itajaí, e toda a família foi salva numa operação de resgate que durou cerca de 3h30.
Em entrevista para o UOL, logo após receber alta hospitalar hoje, Sidnei conta que ele e o filho Lorenzo, 4, dormiam e a esposa Daiana Fidelis, 36, dirigia o Fiat Uno da família, até ele acordar após um forte estrondo e perceber o carro já caindo na ribanceira.
Não lembro de muita coisa do acidente, acordei no momento que escutei um estouro e imaginei que estávamos caindo numa grota. Minha mulher começou a gritar e o carro desceu rolando morro abaixo, até parar. Fiquei trancado num primeiro momento e não sabia onde nós estávamos, então só pedi que ela e meu filho descessem e se afastassem dali com cuidado, porque não sabia se o carro iria cair mais fundo.
Sidnei Fidelis, pintor
Quando percebeu que a mulher e o filho estavam conscientes e bem, apesar do susto, ele também saiu do veículo e decidiu subir o morro até a estrada em busca de ajuda. "Eu bati a perna no painel do carro e estava com o joelho machucado, mas sabia que não conseguiria tirar minha família com segurança dali sozinho, porque era uma ladeira impressionante. Fui rastejando para cima, só pensava em buscar ajuda, e a estrada parecia nunca chegar", conta.
Segundo ele, quando conseguiu chegar no asfalto — sem sinal de telefone — desceu o morro correndo até encontrar uma casa, a dois quilômetros do local do acidente. Era o pedido de resgate em montanha que teria início ali para retirar a mulher e a criança da mata.
Voltei para o local e, lá de cima, me certifiquei, mais uma vez, que eles estavam bem. Me joguei na estrada e fiquei esperando até a chegada dos bombeiros. Perdi a noção do tempo (do quanto esperei).
Daiana, a motorista do veículo, relatou a sensação de impotência pelo acidente e o medo que passou.
"Eu era a motorista e juro que não sei como tudo aconteceu. Foi muito rápido, horrível. Muitas pessoas criticam, outras dizem que isso acontece, mas você não tem noção do que é pensar que este acidente quase tirou a vida do motivo pelo qual acordo todos os dias para viver, a minha família. Que é o meu marido e o meu filho. Nós realmente vivemos um milagre e eu não me perdoaria se algo acontecesse com eles", disse ela.
De acordo com o Corpo de Bombeiros Voluntários de Presidente Getúlio, que atuou na ocorrência, uma equipe pré-hospitalar dos bombeiros e a equipe de suporte do SAMU de Witmarsum montaram, a uma distância de 60 metros da via, uma estrutura que necessitou de técnicas de resgate em encostas para a retirada das vítimas do local do acidente.
"As equipes de resgate encontraram algumas dificuldades para acessar o veículo. O menino foi resgatado, protocolado e com técnicas de resgate foi possível o transporte na ribanceira e posteriormente, ele foi conduzido pelo SAMU até o Hospital Dr. Waldomiro Colautti, com escoriações e dores pelo corpo. O adulto também foi conduzido para a mesma unidade de saúde com ferimentos leves", informou o Corpo de Bombeiros.
Ainda segundo a guarnição, depois do resgate de pai e filho, os resgatistas realizaram a descida na ribanceira para o resgate da motorista, que relatava dores pelo corpo. Ela foi imobilizada e transportada até ao Hospital Maria Auxiliadora.
Sidnei conta que a família teve alta hospitalar hoje e está na casa dos sogros dele, em Presidente Getúlio, para descansar.
Agradeço ter uma nova oportunidade. Vivemos de novo, nós três! Peguei meu celular e alguns objetos pessoais, hoje, no local do acidente e o carro foi guinchado. É impressionante. Quem olha (o veículo) não consegue dizer que se salvou alguém do acidente.
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