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Boate Kiss: 'Luta não termina hoje', diz líder de vítimas após condenação

Familiares de vítimas da boate Kiss ouvem sentença do júri contra os quatro réus acusados pela tragédia - Hygino Vasconcellos/Colaboração para o UOL
Familiares de vítimas da boate Kiss ouvem sentença do júri contra os quatro réus acusados pela tragédia Imagem: Hygino Vasconcellos/Colaboração para o UOL

Larissa Mauricio e Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, em São Paulo e em Porto Alegre

10/12/2021 20h06

Presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Flávio Silva afirmou que a condenação dos quatro réus acusados pelo incêndio da boate Kiss traz satisfação para os familiares e vítimas afetadas pela tragédia.

"A condenação é uma conquista da sociedade para garantir que seus filhos não fiquem à mercê de falsos empresários da noite que abrem seus estabelecimentos e não têm o mínimo de cuidados com as pessoas que os frequentam", disse Silva, em entrevista ao UOL, momentos após o juiz Orlando Faccini Neto proferir a sentença.

Dois sócios da Kiss e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira foram condenados hoje a penas que variam de 18 a 22 anos por dolo eventual, ou seja, quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar.

Flávio Silva criticou o habeas corpus preventivo que impediu a prisão imediata dos réus. Ele disse que pode ser "daqui um mês", mas os condenados terão a prisão decretada para cumprir a pena.

Explicou que a AVTSM fará um recesso após intensa batalha judicial. "Esses anos da luta nos deixaram, na maioria do tempo, focados na tragédia e nos processos."

A gente precisa desligar um pouco e descansar, para ter a próxima etapa da luta, que não termina aqui hoje com a condenação dos réus."
Flávio Silva, presidente da associação que representa familiares e vítimas da boate Kiss

No próximo dia 27 de janeiro, o incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas e feriu outras 636, completa nove anos. Segundo Flávio, a data seguirá sendo um marco para lembrar as vítimas e acalentar as famílias.

"[Celebrar a data] é uma espécie de contato mais próximo com os nossos filhos. É importante manter essa lembrança para que essa tragédia não caia no esquecimento."

Condenação de todos os réus

Após dez dias de julgamento, o júri decidiu hoje pela condenação dos quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss.

Os dois sócios da boate — Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann — e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos — foram considerados culpados por dolo eventual na tragédia.

As penas foram definidas assim:

  • Elissandro Spohr - 22 anos e seis meses de prisão
  • Mauro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão
  • Luciano Bonilha - 18 anos de prisão
  • Marcelo de Jesus - 18 anos de prisão

Ainda cabe recurso, mas o regime inicial é fechado. O juiz havia pedido a prisão imediata, com dispensa de algemas, para que eles "fossem conduzidos com toda a dignidade" para a cadeia, mas em seguida recebeu um habeas corpus preventivo, feito pela defesa de Spohr, e suspendeu a execução da sentença para todos os condenados, por entender que deveria ser estendido o benefício a todos igualmente.