Boate Kiss: 'Luta não termina hoje', diz líder de vítimas após condenação
Presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), Flávio Silva afirmou que a condenação dos quatro réus acusados pelo incêndio da boate Kiss traz satisfação para os familiares e vítimas afetadas pela tragédia.
"A condenação é uma conquista da sociedade para garantir que seus filhos não fiquem à mercê de falsos empresários da noite que abrem seus estabelecimentos e não têm o mínimo de cuidados com as pessoas que os frequentam", disse Silva, em entrevista ao UOL, momentos após o juiz Orlando Faccini Neto proferir a sentença.
Dois sócios da Kiss e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira foram condenados hoje a penas que variam de 18 a 22 anos por dolo eventual, ou seja, quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar.
Flávio Silva criticou o habeas corpus preventivo que impediu a prisão imediata dos réus. Ele disse que pode ser "daqui um mês", mas os condenados terão a prisão decretada para cumprir a pena.
Explicou que a AVTSM fará um recesso após intensa batalha judicial. "Esses anos da luta nos deixaram, na maioria do tempo, focados na tragédia e nos processos."
A gente precisa desligar um pouco e descansar, para ter a próxima etapa da luta, que não termina aqui hoje com a condenação dos réus."
Flávio Silva, presidente da associação que representa familiares e vítimas da boate Kiss
No próximo dia 27 de janeiro, o incêndio na boate Kiss, que matou 242 pessoas e feriu outras 636, completa nove anos. Segundo Flávio, a data seguirá sendo um marco para lembrar as vítimas e acalentar as famílias.
"[Celebrar a data] é uma espécie de contato mais próximo com os nossos filhos. É importante manter essa lembrança para que essa tragédia não caia no esquecimento."
Condenação de todos os réus
Após dez dias de julgamento, o júri decidiu hoje pela condenação dos quatro réus acusados pelo incêndio na boate Kiss.
Os dois sócios da boate — Elissandro Callegaro Spohr, conhecido por Kiko, e Mauro Londero Hoffmann — e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira — o produtor Luciano Bonilha Leão e o vocalista, Marcelo de Jesus dos Santos — foram considerados culpados por dolo eventual na tragédia.
As penas foram definidas assim:
- Elissandro Spohr - 22 anos e seis meses de prisão
- Mauro Hoffmann - 19 anos e seis meses de prisão
- Luciano Bonilha - 18 anos de prisão
- Marcelo de Jesus - 18 anos de prisão
Ainda cabe recurso, mas o regime inicial é fechado. O juiz havia pedido a prisão imediata, com dispensa de algemas, para que eles "fossem conduzidos com toda a dignidade" para a cadeia, mas em seguida recebeu um habeas corpus preventivo, feito pela defesa de Spohr, e suspendeu a execução da sentença para todos os condenados, por entender que deveria ser estendido o benefício a todos igualmente.
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