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'Carinhoso e amável': Quem é Jairinho na visão das testemunhas de defesa

O ex-vereador Jairo Souza Santos, o dr. Jairinho, durante julgamento  - Brunno Dantas/TJ-RJ
O ex-vereador Jairo Souza Santos, o dr. Jairinho, durante julgamento Imagem: Brunno Dantas/TJ-RJ

Daniele Dutra, Igor Mello e Lola Ferreira

Colaboração para o UOL e do UOL, no Rio

15/12/2021 04h00

Durante a audiência de instrução e julgamento da morte do menino Henry Borel, testemunhas de defesa do ex-vereador Dr. Jairinho o descreveram como um homem "carinhoso", "amoroso" e "incapaz de matar uma mosca".

Bem diferente do contexto apontado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que acusa Jairinho de ter matado o garoto de quatro anos por sadismo. Os depoimentos com testemunhas convocadas pelo réu terminaram às 19h40 desta terça-feira (14). A audiência continua hoje, com mais oitivas.

O segundo depoente do dia, Thiago K. Ribeiro, foi vereador na mesma época em que Jairinho ocupava uma cadeira na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Os poucos minutos de depoimento giraram em torno de Thiago elogiar a personalidade de Jairinho, afirmando que ele era uma "pessoa maravilhosa" e que nunca ouviu reclamações ou relatos de agressões por parte dele.

Herondina de Lourdes Fernandes, tia de Jairinho, também depôs. Foi na casa dela que Jairinho e Monique foram localizados no dia da prisão.

O depoimento foi marcado por elogios ao sobrinho e também à Monique. Herondina afirmou que Jairinho era "muito amoroso" e que Monique era "uma mãe muito carinhosa".

Herondina afirma que ele sempre teve uma relação muito boa com as crianças da família. "Tenho sobrinhos e netos crianças. Todos adoram Jairo, ele sempre foi muito carinhoso e amoroso", disse.

Já o deputado estadual Coronel Jairo (Solidariedade), pai de Jairinho, prestou um depoimento de aproximadamente duas horas. Ele afirmou que concluiu que o filho não é psicopata após ler ao menos nove livros sobre o tema.

Em alguns momentos, Coronel Jairo falou que Monique era carinhosa, cuidadosa com o filho e se referiu a Henry como "neném".

"Monique sempre foi muito carinhosa com todo mundo, inclusive comigo. Não tenho nada para falar dela. Não tive muito contato com o neném, minhas lembranças são apenas do Réveillon e início do Carnaval, que ele ficou com a gente lá em Mangaratiba, jogou bola com Jairinho. Ele pulava no colo do Jairinho, beijava a cabeça do menino. Tem umas 30 pessoas que podem dizer isso, que podem testemunhar", disse.

Sobre a relação dos três, Coronel Jairo disse: "Henry era lindo, olhos azuis, um menino muito bonito. Não tinha como não chegar perto dele". Sobre a relação do casal, Monique se referia a Jairinho como um príncipe: "Jairinho é um príncipe", ela sempre dizia isso, segundo Coronel Jairo.

A respeito das acusações contra o filho, ele afirma que Jairinho é incapaz de matar alguém. "Jairinho é um doce, não mata nenhuma mosca. É apaixonado pelo sobrinho, o Teo, pela filha, que é a razão da vida dele. Se um dia ele encostasse um dedo no Teo, a Thalita [irmã do réu] mataria ele e eu também. Ele jamais faria nada disso."

"Jairinho é um homem doce. Nossa família tem muito amor, mas as pessoas não entendem isso", afirmou no plenário. Durante a fala do pai, Jairinho se emocionou.

Outra testemunha ouvida foi a ex-namorada e mãe de seu primogênito, Fernanda Abdul Figueiredo, que afirmou manter amizade com Jairinho e o visita na cadeia.

"Jairo é uma das pessoas mais gentis que já conheci na vida. Não faz o menor sentido isso que falam dele. Ele jamais faria mal a alguém. Meu filho tem ele como exemplo", disse.

Já o primogênito Luiz Fernando Abdu F. Santos, 24, estudante de direito, completou o que a mãe havia falado inicialmente.

"Meu pai sempre foi uma referência para mim, sempre foi um homem muito bom. Meu pai com crianças tinha um dom, as crianças adoravam ele logo de cara. Sempre foi um cara muito bom. Ele sempre agradava, levava para lanchar, todas as campanhas dele eram lotadas de crianças", afirmou sobre a personalidade do pai.

Questionado sobre como recebeu a notícia da morte de Henry, ele disse que "com muita dor, muita tristeza e muita surpresa". "Meu pai é incapaz de fazer mal a qualquer pessoa. Sempre o visito na prisão, para levar um pouco de amor diante de tanta ódio que ele recebe", afirmou.

Rogério Baroni, um amigo de longa data, também foi prestar depoimento. "Nunca vi nada de errado em relação a Jairinho, já viajamos juntos, minhas filhas tem contato com as filhas dele, nunca vi problema nenhum", disse.