Detentos transmitem ao vivo de cela para protestar por melhoria em presídio
Detentos da cadeia pública de Sarandi, Região Metropolitana de Maringá, no Paraná, fizeram duas transmissões ao vivo pelo Facebook na noite de ontem para reclamar das condições do presídio, descritas por eles como "desumanas".
Reunidos em grupo, dentro de uma cela, alguns com camisetas cobrindo os rostos, eles denunciam que vêm sendo agredidos pelos agentes penitenciários e afirmam que o acesso às visitas está sendo dificultado. Eles reclamam também da falta de atendimento médico dentro da cadeia.
"O chefe de segurança vem todo ano oprimindo nós e nossos familiares. Dessa forma aí, vocês acham que a gente vai melhorar? Tá formando monstro nessa unidade", afirmou um deles durante a transmissão. A qualidade das refeições também está entre as queixas.
"Os chefes de segurança vêm diariamente oprimindo, torturando nós e nossos familiares, nós não temos saúde, não temos um PF (prato feito), a situação está precária em cima de saúde, estamos vivendo em um ambiente desumano, a gente sabe que errou e a gente quer pagar os nossos atos, mas da forma que estamos pagando é desumano", diz um detento.
A superlotação é outro ponto reclamado pelos detentos. Eles dizem que existem mais de 60 presos em apenas quatro celas, que eles chamam de "barracos". "Nesse momento, a cadeia está um barril de pólvora. Está para estourar. A gente não quer hotel de luxo, não. A gente quer viver dignamente", disse um preso.
As transmissões ao vivo, com acesso à internet via celular, revelam um problema já conhecido nos presídios, que é a facilidade da entrada de celulares dentro das cadeias. Um detento chegou a afirmar, durante a live, que os presos chegam a pagar R$ 10 mil para que agentes liberem o uso dos aparelhos dentro da cadeia pública de Sarandi.
O que diz o Deppen
O Departamento de Polícia Penal do Estado do Paraná (Deppen) informa que foi determinada uma revista geral na Cadeia Pública de Sarandi para localizar a existência de aparelho celular no local. Em nota ao UOL, o órgão diz que a operação encontra-se em andamento.
"Importante ressaltar que operações de revistas são realizadas constantemente, sendo que, na última delas, uma tentativa de fuga foi frustrada, o que pode ter motivado o descontentamento dos presos", diz o texto.
Sobre as reclamações relatadas em vídeo, o Deppen esclarece que as visitas presenciais, que haviam sido suspensas por conta da pandemia, já foram retomadas e ocorrem de forma agendada, com os devidos cuidados de distanciamento social. Ainda há a possibilidade de realizar visitas virtuais, por meio de videoconferência.
"Também em virtude da pandemia, a entrega de sacolas de forma presencial permanece suspensa em todo o Estado. No entanto, os familiares podem encaminhar os itens permitidos pelos Correios, via SEDEX", explica o Departamento.
Em relação à alimentação, o Deppen informa que as marmitas são fornecidas por empresas terceirizadas e que todos os dias elas passam por inspeção para verificar a qualidade, temperatura e peso do alimento fornecido.
"Os atendimentos médicos ocorrem por meio da rede pública municipal, por agendamento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e, nos casos emergenciais, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA)", afirma o órgão, na nota.
Sobre as denúncias de suposta venda de aparelhos celulares e demais reclamações, o Deppen informa que determinou a abertura de procedimento administrativo para investigar o caso.
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