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Vídeo: Seguranças espancam e dão choques em moradores de rua em Belém

Luciana Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Belém

20/12/2021 18h12Atualizada em 20/12/2021 18h13

A Polícia Civil investiga um grupo de seguranças que foi gravado espancando e dando choques em moradores de rua de Belém. Em pelo menos dois registros em vídeo, homens são encurralados e agredidos, inclusive com descargas elétricas por um taser. Segundo a investigação, as roupas dos envolvidos apontam que eles não sejam agentes públicos, mas seguranças particulares de uma empresa que atua na capital paraense.

Segundo a Secretaria Extraordinária de Cidadania e Direitos Humanos, da Prefeitura de Belém, o fato aconteceu na madrugada do dia 17 de dezembro, na Feira da 25, localizada no bairro de São Brás, centro da cidade.

"Uma das vítimas contou que estava deitada na barraca de mariscos, quando os homens já chegaram batendo nele", contou o titular da secretaria, Max Costa. "A primeira coisa que nos certificamos é que eles não tem nada a ver com a guarda municipal e nem com os permissionários da feira".

Nas imagens em questão, o homem suplica por calma, diz que não é marginal e diz que é conhecido de todos. Na sequência, é derrubado no chão e alvo de chutes. No áudio, é possível ouvir quando um dos agressores diz que ele deve "sumir" após um "corretivo".

Num segundo vídeo, nos arredores da feira, um homem lamenta ter apanhado na cabeça e a protege, enquanto é ordenado a se retirar do local. Ele não levanta rapidamente e acaba sendo atingido por choques de taser. É possível ouvi-lo gritando e chorando, em desespero.

Ainda segundo o titular da secretaria, o homem que aparece recebendo golpes de cassetete é conhecido na região e trabalha como flanelinha na área. "Ele inclusive é muito bem quisto pelos permissionários da feira e costuma dormir nessa barraca de mariscos, com a autorização do permissionário", afirmou Costa.

O fato foi comunicado à Polícia Civil, que abriu inquérito policial para investigar as agressões. Pela manhã, uma força-tarefa da Prefeitura de Belém formada por órgãos assistenciais esteve na feira para apurar a identidade dos suspeitos. A investigação não revelou o nome da empresa que os empregaria ou o que motivou as ações.

A vítima que aparece sendo espancada foi encaminhada para fazer exame de corpo de delito e deve prestar depoimento à polícia em breve. A força-tarefa também ofereceu atendimento psicossocial às vítimas de agressão. O homem que foi alvo de choques elétricos, no entanto, ainda não foi localizado pelas autoridades municipais.

O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol) classificou o episódio como um crime cometido por "verdadeiros milicianos". Já a deputada estadual Marinor Brito (Psol) prometeu levar o caso à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará.

A Secretaria de Cidadania de Direitos Humanos solicitou aos permissionários a cessão das imagens de segurança da feira para ajudar nas investigações. O órgão também acionou o Ministério Público do Estado para que investigue a atuação da empresa de segurança, que estaria prestando serviço ao Terminal Rodoviário de Belém, localizado no mesmo bairro.

O UOL tenta obter informações sobre a identificação e propriedade da empresa que emprega os homens vistos na ação gravada, para questionar a sua defesa, mas, até momento, não obteve sucesso e a polícia ainda não divulgou a identidade dos suspeitos. Assim que houver mais informações e manifestações, este espaço será atualizado.