Homem fica tetraplégico após mergulhar em piscina: 'Bati no fundo'
Leonardo Rangel, 29, ficou tetraplégico após pular na piscina em uma brincadeira durante a celebração da virada de ano de 2020, em Quirinópolis (GO). O acidente ocorreu no dia 1º de janeiro de 2021, mas só foi agora que o operador de máquinas conseguiu trazer o assunto a público. Em publicação no TikTok nesta semana, Rangel mostra o momento em que perdeu os movimentos do corpo. "Que sirva de alerta para quem gosta de piscina", escreveu ele.
Ao UOL, Rangel contou que estava com familiares e amigos na madrugada do primeiro dia do ano quando decidiram encenar a música "Pulei na Piscina", de Guilherme e Benuto.
Eu fui lá, troquei de roupa e na hora que começou a tocar a música, só eu pulei, não era para pular de ponta, mas aconteceu. E bati a nuca no fundo da piscina, e fiquei. Estava escutando todo mundo falar, mas não conseguia movimentar o corpo. Até que a minha esposa pulou e me tirou de lá.
A ambulância foi acionada e Rangel foi encaminhado para um hospital da região. No entanto, devido à gravidade do acidente, ele acabou sendo transferido para um hospital particular em Rio Verde, a cerca de 111 km de sua cidade. "Quando eu cheguei lá, foi que a gente começou a ver a gravidade. Os médicos falaram que ia precisar de cirurgia e me levou direto para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Fiquei 28 dias internado."
Rangel fraturou a coluna cervical no nível C5, próximo ao pescoço. Na ocasião, ele não sentia nenhuma parte do corpo e só conseguia mexer o braço esquerdo e o pescoço. Com o ano de terapias intensivas, o operador de máquinas conseguiu retomar os movimentos do braço direito e do tronco. "Graças a Deus, venho contando com a fisioterapia e vou conseguindo mover ainda mais", diz ele.
A vida, no entanto, teve que passar por uma série de adaptações. Ele, que é pai de duas crianças — uma de 2 anos e 4 meses e outro de 4 meses —, atualmente se locomove utilizando cadeira de rodas e conta com o apoio dos familiares para tarefas básicas. "Não consigo fazer nada sozinho. Eu ainda consigo comer sozinho porque tem uma adaptação que encaixa colher e garfo, mas até hoje estou em processo de adaptação porque não é fácil."
O vídeo do acidente, que já alcançou mais 4 milhões de visualizações no TikTok, estava guardado desde então. Rangel não havia visto as imagens até mês passado, quando decidiu abrir o arquivo no celular. "Depois que eu assisti, eu fiquei uns dias guardado aquilo e depois eu resolvi postar. Na hora que eu vi foi tudo muito forte. Eu ficava tentando imaginar o que tinha acontecido e depois que eu vi o vídeo, percebi que foi uma coisa tão simples e que muda tanto a vida da gente."
No perfil, Rangel mostra as atividades físicas que vem realizando para recuperar os movimentos do corpo. "Eu não tinha essa informação que era tão perigoso um pulo na piscina, então tem muita gente que não faz ideia. Ter publicado o vídeo foi mais para isso, para as pessoas verem o quanto é perigoso. O quanto pode causar danos na vida da gente", diz.
Devido à atual condição, Rangel foi afastado do trabalho, em que atuava operando máquinas para uma empresa de cana-de-açúcar. No entanto, ele não pretende se aposentar. "Por enquanto, está parado, não tem como eu voltar ainda. Mas se Deus me abençoar e meus movimentos permitirem, eu quero voltar". Ele criou recentemente uma rifa de uma pulseira de ouro e pretende utilizar o dinheiro arrecadado — que já está na casa dos R$ 2 mil — para continuar os tratamentos.
Tudo começou com uma brincadeira, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Mas a mensagem que eu quero deixar é que as pessoas aproveitem mais os momentos, a família. Antes, o movimento de um dedo não era nada, nem dava valor, mas agora ver o quanto faz falta. E a gente vai vendo o quanto as pequenas coisas são valiosas.
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