BA: 'Cenário é de tragédia e cidades debaixo d'água', diz chefe de resgates
O cenário gerado pelas chuvas na Bahia é uma "tragédia". Segundo o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Valdir Ferreira Júnior, que comanda as operações de resgate no sudoeste baiano, a situação do momento em muitas cidades é bem pior do que a enfrentada há duas semanas, que também ocorreu devido a fortes chuvas.
"Essa operação tomou uma proporção muito grande. O que a gente percebe é que o cenário é de uma tragédia, com muitas famílias desabrigadas, que perderam completamente suas casas", contou o tenente-coronel ao UOL.
Ele participou hoje das operações nos municípios de Itapetinga e Itororó, que foram dois dos mais atingidos no sudoeste baiano.
"Algumas casas foram levadas pela correnteza, outras estão completamente inundadas. Temos cidades debaixo d'água, bairros inteiros de Itapetinga praticamente com 2,5 metros de água. Apenas residências que tinham mais de um andar tinham hoje algumas famílias, mas a gente está retirando todas por conta da situação de risco. A operação continua em andamento", diz.
Por conta da altura da água, as ações contam com apoio de equipes que atuam com resgate em botes com motor. Helicópteros também fazem resgate de famílias em áreas isoladas.
"São duas cidades muito atingidas, foram 52 operações de resgates ininterruptos desde as 23h do dia 24 até ontem. Hoje prosseguimos com mais operações", diz.
Só em Itapetinga, diz, foram realizados 12 salvamentos de pessoas e oito de animais hoje. "O nível da água não diminuiu em momento algum durante o período de operação", completa.
Reforço de operações
Segundo ele, diante da complexidade da operação na região, os bombeiros estão contando com apoio de equipes dos corpos de Bombeiros de Minas Gerais e do Rio Grande do Norte.
"Eles vão nos apoiar aqui na nossa base de comando no sudoeste, onde eu sou o responsável. Nesses municípios estamos recebendo muitos reforços, faremos uma base aqui [em Itapetinga] para receber mantimentos de Vitória da Conquista", completa.
Em Itororó, moradores que perderam remédios controlados também enfrentam dificuldades para repor, já que a Farmácia Central da cidade também foi atingida pela chuva e foi alagada. Um cadastro de moradores está sendo feito para que sejam solicitadas as medicações.
Números da tragédia
Segundo dados do municípios e totalizados pela Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia, o estado tem 16.001 desabrigados pelas chuvas, 19.580 desalojados, dois desaparecidos e 18 mortos. O número de feridos é de 286 pessoas.
O governo montou a base de apoio às vítimas das chuvas em Ilhéus, onde o governador Rui Costa (PT) está comandando diretamente as ações.
A Bahia tem, neste momento, 72 municípios em situação de emergência reconhecida pelo Governo do Estado. Dessas, 58 foram atingidas e estão com operações simultâneas.
"É uma tragédia nunca vista pela extensão e pela dimensão, seja da quantidade de casas, seja do número de cidades ou da extensão territorial", disse o governador Rui Costa, em entrevista à CNN.
O petista relatou que pessoas são retiradas de suas casas compulsoriamente, pois não querem deixá-las. "Nós conseguimos, graças a Deus, retirar a maior parte das pessoas. Muita gente foi resgatada de helicóptero, com aquelas cestas, tirando as pessoas de lugares ilhados ou mesmo de segundo andar, terceiro andar de casas."
Algumas cidades encontram-se em situação complicada. Itabuna está sem água, já que a cheia do rio Cachoeira afetou a captação do sistema de abastecimento de água. A cidade também está apelando por profissionais de saúde, em especial médicos para atendimentos.
Em Medeiros Neto, a prefeitura destinou vários locais para abrigar as mais de mil famílias desabrigadas ou desalojadas.
"Quero alertar as pessoas: por favor, não resistam de sair de suas casas. Em hipótese alguma voltem para casa para pegar qualquer objeto. Atenda ao pedido da Defesa Civil, dos Bombeiros, da PM. Se a orientação for sair de sua casa, feche sua casa e saia o mais rápido possível. Às vezes não está chovendo e a pessoa não acredita que a água vai subir. Mas a água está vindo de outras cidades, de outras regiões, e vai alagar sua casa", acrescentou o governador da Bahia.
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