RJ: Criança de 6 anos morre e outras duas ficam feridas em ação policial
Uma criança de seis anos morreu e outras duas ficaram feridas na tarde de ontem, durante uma ação policial na comunidade da Torre, no bairro Inconfidência, em Queimados, na Baixada Fluminense.
Moradores contestam versão da Polícia Militar, que afirmou que seus agentes foram atacados a tiros por criminosos. "Eu não vi de onde a bala veio, mas os únicos que estavam no morro eram os policiais. A gente não viu um bandido no morro", disse a babá de Kevin Lucas dos Santos, Maria Cláudia da Silva Medeiros. Ela estava com o menino no momento em que ele foi atingido.
A babá, que cuidava dele há seis meses, ressaltou que, no momento em que as crianças foram baleadas, não havia ação de criminosos na comunidade. "Não tinha bandido nenhum, não teve confronto, eles simplesmente entraram atirando, sem pena, nem dó. Sem saber se tinha morador, criança. Simplesmente sentiram vontade de atirar e atirou (sic)", disse a babá ao site Metrópoles.
Ela disse que chegou a ser impedida por PMs de socorrer Kevin e que o carregou já morto nos braços até a UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
"Depois dos tiros, quem chegou lá foi a polícia. Viram as crianças e não deixaram eu pegar o Kevin. Eu que meti a mão e falei: 'Vou levar ele para o hospital sim'.", afirmou Maria Cláudia, cuja filha de 3 anos estava ao lado de Kevin quando ele foi atingido.
De acordo com a Polícia Militar, homens do batalhão da área estavam em patrulhamento na estrada do Riachão, um dos acessos à comunidade, quando foram atacados por criminosos. A corporação informou que a equipe se abrigou e não efetuou disparos.
"Após cessarem os tiros, os agentes foram procurados por moradores dizendo que uma criança havia sido ferida. Ela foi socorrida para a UPA de Queimados, onde infelizmente não resistiu aos ferimentos", informou a PM.
As meninas Gabriela, 9, e Ludmila, 13, também foram feridas e levadas para a mesma UPA que Kevin. Elas acabaram transferidas para o HGNI (Hospital Geral de Nova Iguaçu) e para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, respectivamente.
Sobre Gabriela, o HGNI informou para o UOL que ela deu entrada na unidade, após ser baleada na perna direita, região da coxa, e passou por cirurgia de emergência. Ela permanece internada e o estado de saúde da menina é estável. Ainda não há informações sobre o quadro de Ludmila.
'Pago imposto para ver meu filho morto?', diz mãe
A mãe de Kevin, Ana Claudia Santos, contou que não viu o momento em que o filho foi baleado.
Ele estava brincando no quintal de casa quando foi atingido e, segundo ela, na UPA, a família foi informada que a criança estava em atendimento. No entanto, Kevin deu entrada morto na unidade de saúde. Segundo ela, o garoto foi baleado no peito.
Eu pago imposto para ver meu filho morto? Ninguém sabe a dor que estou passando. Eu só quero meu filho. E agora? O que eu vou fazer? Eu não deixo meu filho largado. Chegando lá na UPA, os médicos falaram que ele estava bem e estava sendo atendido, sendo que ele já chegou morto."
Ana Claudia Santos, mãe de Kevin
A mãe lembrou o último diálogo com ele, antes de Kevin ser baleado. "Mãe, esfria meu papá?", pediu a criança. Kevin é o filho caçula de Ana Cláudia que tem também um menino de dez anos.
Ana disse, em entrevista ao Metrópoles, que foi avisada pela médica que atendeu o peito do menino. "Ela disse que ele tomou um tiro no coração."
Segundo a ONG Rio de Paz, 20 crianças/adolescentes morreram baleadas no estado do Rio nos últimos dois anos. Desde 2007, foram 87 vítimas menores de idade.
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