Carros de som com mensagens contrárias à vacina são apreendidos no RS
Dois carros de som que transmitiam mensagens contrárias à vacina foram apreendidos hoje pela Guarda Municipal de Novo Hamburgo (RS). Os motoristas prestaram depoimento e vão responder em liberdade. Vídeos com a imagem dos carros de som circulam pelas redes sociais.
O caso ocorreu nesta quarta-feira (26), por volta do meio-dia, depois de denúncias feitas por moradores. Algumas equipes da Guarda Municipal então circularam pela cidade e encontraram dois veículos em locais diferentes. Os dois motoristas do veículos foram abordados e, na sequência, levados para a DPPA (Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento) de Plantão. Um boletim de ocorrência foi registrado.
Ao UOL, por telefone, uma inspetora de serviço da Guarda Municipal disse que os dois motoristas trabalham para uma empresa, que, por sua vez, foi contratada por terceiros. Ao chegarem na delegacia, ambos prestaram depoimento, mas não quiseram revelar o nome do contratante. Eles foram liberados logo depois e vão responder em liberdade.
Os dois motoristas foram levados para a DPPA de Novo Hamburgo. Disseram que foram contratados, mas não quiseram identificar a pessoa [que os contrataram]. Eles foram liberados, mas os dois veículos foram apreendidos pela Guarda. Inspetora da Guarda Municipal ao UOL
Os veículos —uma Fiorino no bairro Rio Branco, e um Uno no bairro Guarani— foram encaminhados para o pátio do Detran.
Em nota ao UOL, a prefeitura de Novo Hamburgo informou que irá apresentar uma notícia-crime sobre o caso para o Ministério Público. Já o prefeito em exercício Márcio Lüders fez um apelo para que a população continue se vacinando e que nada se justifica na transmissão de mensagens antivacina.
Aproveito para fazer chamamento a todos para que se vacinem. Não se justifica mensagens antivacina e contra a ciência. Isso é uma atitude contra o Brasil. Márcio Lüders, prefeito de Novo Hamburgo
Em uma das mensagens transmitidas pelo carro de som, é possível ouvir o termo "vacina experimental" —muito utilizada por negacionistas, e absolutamente falso— e que as crianças não são obrigadas a tomá-la.
Vocês têm o dever de saber que não é obrigatória a vacina experimental em nossos filhos. Que as escolas também não podem exigir e muito menos impedir o acesso de nossos filhos às salas de aula. Trecho da mensagem antivacina
Em seu perfil, Manuela d'Ávila, ex-deputada federal e vice na chapa derrotada de Fernando Haddad (PT), em 2018, criticou a transmissão das mensagens.
Que absurdo! Estão passando com carro de som em Novo Hamburgo (RS) dizendo para o pais não vacinarem suas crianças. A vacina não é experimental. Não caiam em fake news! #VacinasSalvamVidas Manuela d'Ávila, nas redes sociais
Em nota técnica sobre a vacinação de crianças contra a covid, divulgada em 23 de dezembro, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) explicou novamente que a vacina da Pfizer está "devidamente registrada, não se tratando de produto experimental".
Segundo a nota, a vacina da Pfizer atendeu a diversos requisitos exigidos pela Anvisa, entre eles comprovação de qualidade, segurança e eficácia por meio de estudos clínicos feitos em três fases. A agência explica também que são registradas "as vacinas cujos estudos comprovem que os benefícios superam os riscos em determinado contexto epidemiológico".
O Ministério da Saúde incluiu crianças entre 5 e 11 anos no plano nacional de vacinação contra a covid-19, mas sem a exigência de prescrição médica, ao contrário do que defendia o presidente Jair Bolsonaro (PL). O anúncio aconteceu em meio à pressão de especialistas, secretários de Saúde e governadores, que vinham cobrando agilidade do governo federal.
De acordo com a pasta, 3,7 milhões de crianças devem ser vacinadas ainda em janeiro.
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