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Filha de mulher morta após hidrolipo diz que médico 'pediu perdão' por erro

Rosimery de Freitas Dario, 50, morreu um dia após procedimento; ela apresentou problemas para retomar consciência após a cirurgia - Reprodução/Facebook
Rosimery de Freitas Dario, 50, morreu um dia após procedimento; ela apresentou problemas para retomar consciência após a cirurgia Imagem: Reprodução/Facebook

Marcela Lemos e Pietra Carvalho

Do UOL, em São Paulo

27/01/2022 10h15Atualizada em 27/01/2022 10h15

A filha de Rosimery de Freitas Dario, morta após passar por uma hidrolipo, procedimento estético, em Duque de Caxias (RJ), afirmou que o médico que atendeu a paciente admitiu que errou na realização da cirurgia.

Segundo Larissa Dario, Ronald Renti da Rocha pediu perdão à família da vítima enquanto ainda tentava fazer os procedimentos de reanimação em Rosi. Ela voltou à clínica Cemear, na Baixada Fluminense, na terça-feira (25), um dia depois de passar pela hidrolipoaspiração. O marido e a filha acompanharam a mulher no retorno à unidade depois que ela apresentou dificuldades para recuperar os sentidos no pós-operatório.

"Lá dentro, [o médico] fez massagem na minha mãe e aplicou duas adrenalinas e fez respiração boca a boca. Ele pedia perdão o tempo todo para gente. Eu falei: 'Você matou a minha mãe?' Ele foi e balançou a cabeça e falou: 'Sim, me perdoa'. Eu comecei a gritar", contou Larissa ao UOL.

A mulher detalha que ficou abraçada ao corpo da mãe enquanto o profissional fugiu do local. Além disso, ao verificar os remédios que foram oferecidos para Rosi durante o socorro, os familiares averiguaram a aplicação de medicação vencida na vítima.

"A gente achou o medicamento que ele deu na minha mãe. Eram duas injeções vencidas", completou a filha.

Procurado pela reportagem desde ontem, Ronald Renti ainda não retornou contato. Já um representante do consultório informou que ele não deve se pronunciar até que saiam os resultados dos laudos e perícias.

O médico não possui registro de especialização no CFM (Conselho Federal de Medicina), nem é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro há pelo menos três processos por erro médico contra ele.

Lembre o caso

Rosimery de Freitas Dario, 50, morreu após se submeter a uma hidrolipo na segunda-feira (24), na clínica Cemear, que apresenta a intervenção como uma de suas especialidades.

O procedimento pelo qual Rosi passou consiste em uma lipoaspiração que pode ser feita apenas com anestesia local, o que torna o pós-operatório mais rápido, mesmo com uso de sedativo. Este anestésico atua nas células de gordura e elas podem, então, ser aspiradas através de cânulas, detalha o Centro Brasileiro de Hidrolipo.

No caso da vítima, ela apresentou dificuldades para voltar à consciência após a cirurgia, permanecendo desacordada e sem responder a estímulos, detalhou a prefeitura de Duque de Caxias, por meio da Secretaria Municipal de Saúde.

O marido da paciente, Alcimar Dario, que acompanhava a mulher na clínica, foi o responsável por levá-la para casa, mesmo após seus problemas para recuperar os sentidos.

Poucas horas depois, com a companheira ainda debilitada, ele a levou novamente até a unidade de estética, onde ela deu entrada às 13h e foi atendida pela equipe médica. Mas, apesar do socorro, a mulher foi declarada morta ainda no local.

Ela saiu da clínica desacordada, o médico me falou que ela só estava dormindo e que era efeito da anestesia. Voltamos para casa com ela dormindo, ela chegou a acordar, mas não dizia coisa com coisa. Minha filha me chamou para levarmos ela de novo à clínica e chegando lá o médico fez uns procedimentos de reanimação. Depois (o médico) disse que ela não resistiu e apertou minha mão.
Alcimar Dario, marido da paciente

Alcimar disse ainda que o médico responsável pelo procedimento ficou nervoso e que o local não contava com estrutura adequada para o atendimento.

A equipe do SAMU que atendeu à ocorrência detalhou que, ao chegar ao espaço de estética, às 18h20, encontrou Rosimery já sem vida, deitada sobre uma maca na área interna da clínica.

Após constatarem o óbito, os socorristas acionaram a Polícia Civil, que esteve no local e realizou perícia para encaminhamento do corpo ao IML (Instituto Médico Legal), completou nota da prefeitura enviada ao UOL.

A 59ª DP (Duque de Caxias), responsável pelo caso, informou que foi instaurado inquérito para apurar as circunstâncias da morte. Segundo a Polícia Civil, o médico Ronald Renti da Rocha, apontado como responsável pelo procedimento, já foi ouvido. "Perícia foi realizada no local e testemunhas estão sendo ouvidas. Diligências estão em andamento para esclarecer todos os fatos", afirma em nota, acrescentando que a investigação "aguarda o laudo da necropsia para identificar a causa da morte".

Procurado, o Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) informou que "vai abrir sindicância para apurar os fatos".

Segundo o marido, este era o terceiro procedimento estético ao qual Rosi se submeteu. A empresária já havia retirado gordura das costas e realizado outra intervenção para redução da gordura abaixo do queixo — todas feitas em clínicas diferentes.

"Minha mulher era uma pessoa muito vaidosa, cheia de vida, agora não sei como vai ser", completou Alcimar sobre a companheira, com quem era casado há 30 anos.

Rosimery deixa um casal de filhos e dois netos.