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Youtuber bolsonarista é condenado por associar vacina à homossexualidade

Marcelo Frazão de Almeida foi condenado a 2 anos e 4 meses de prisão, mas pena foi substituída por prestação de serviços - Reprodução/TSE
Marcelo Frazão de Almeida foi condenado a 2 anos e 4 meses de prisão, mas pena foi substituída por prestação de serviços Imagem: Reprodução/TSE

Do UOL, em São Paulo

28/01/2022 15h03Atualizada em 28/01/2022 15h06

O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou o youtuber bolsonarista Marcelo Frazão de Almeida pelo crime de homofobia. Em 2020, ele gravou um áudio no WhatsApp em que associa a vacina contra covid-19 à homossexualidade — depois, o conteúdo também foi publicado no Facebook e YouTube por outras pessoas.

Frazão foi sentenciado a 2 anos e 4 meses de prisão em regime aberto, mas a pena foi substituída por de prestação de serviços à comunidade, além de uma multa equivalente a 50 salários mínimos. Ele ainda pode recorrer da decisão.

"Isso é uma vacina que altera o código genético. Vocês vão comprometer a vida dos seus filhos e netos. Vocês vão causar síndromes perigosas que vão destruir os seus filhos e netos, inclusive no sentido de fertilidade, de 'homossexualismo'", diz no áudio. Não há nenhuma evidência de que a vacina contra covid-19 cause efeitos parecidos.

Para o juiz Antonio José Papa Júnior, da Vara de São Simão, Frazão inferiorizou a comunidade LGBTI+ na fala, além de desestimular a vacinação contra covid-19 durante um período em que a pandemia não estava controlada.

"Ao equiparar a orientação sexual homossexual a uma 'síndrome perigosa' e equiparar a mudança de gênero (tal como a passada pelos transgêneros) a 'problema gravíssimo de saúde', relacionando-os a outras doenças de natureza bastante danosa aos seres humanos, tais como câncer e lesões cerebrais, o acusado certamente inferioriza tais grupos, afirmando que a situação das pessoas neles enquadráveis se equipara a condições negativas de saúde", escreveu.

Na decisão, Papa Júnior ainda ressaltou a eficácia da imunização contra a doença causada pelo coronavírus. "Ao contrário da fala propagada, os estudos de medicina baseada em evidências indicam que se trata de substância segura ao uso humano, tanto que o uso foi autorizado pela Anvisa, maior autoridade do país na matéria."

Frazão concorreu à prefeitura de São Simião (277 km de São Paulo) em 2020, mas não conseguiu se eleger. Ele tinha três canais no YouTube com conteúdos de extrema-direita, mas foram suspensos pela plataforma. Em outubro do ano passado, ele depôs à Polícia Federal em outubro do ano passado no inquérito das milícias digitais e negou a existência da pandemia, que, até ontem, matou 625.169 brasileiros.