Estado, Sabesp e Acciona repassam responsabilidade sobre cratera em SP
Desde terça-feira (1º), a Marginal Tietê, principal via expressa da cidade de São Paulo, encontra-se com um trecho isolado por uma cratera que se abriu no meio da pista local entre as pontes do Piqueri e da Freguesia do Ó, no sentido Ayrton Senna.
Apesar da investigação das causas do acidente ainda estar em andamento e sem prazo de conclusão, até agora nenhuma das partes envolvidas na operação - o governo de São Paulo, a concessionária Acciona, responsável pela obra, e a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) - assumiu completamente a responsabilidade pelo buraco. Ninguém se feriu no desmoronamento.
As autoridades, a concessionária e a companhia têm repassado a responsabilidade do acidente. Ainda não se sabe o que aconteceu, mas fato é que houve um rompimento de uma tubulação de esgoto distante três metros do túnel escavado pelo "tatuzão", máquina que perfura a área.
O governo de São Paulo tem indicado que a responsabilidade do acidente e dos custos desses reparos necessários são da Acciona. No dia do acidente, a gestão já afastava a possibilidade de o tatuzão ter perfurado a tubulação no acidente - o secretário Paulo Galli falou em falha humana.
"Amanhã teriam o tatuzão passando pelo túnel e houve um rompimento da galeria de esgoto que passa no sentido transversal ao túnel. O início de vazamento foi às 8h21 e todos os funcionários foram removidos. Então, não foi um choque da tuneladora", disse.
Durante coletiva de imprensa ontem, no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, Doria disse ter cobrado a empresa por reparos e custos.
"Quero deixar claro que todos os custos advindos dessas operações serão suportados pela Acciona. Ela assumiu esses custos, sejam eles da obra, sejam eles de recuperação", afirmou o governador.
Momentos depois, Doria disse que acidentes não deveriam acontecer. "Nós entendemos que acidentes podem acontecer, embora não devessem, e recebemos uma resposta positiva da Acciona, a nível do Brasil e de sua sede na Espanha", concluiu.
A empresa Acciona assumiu a construção da linha 6-Laranja em 2020, estreando a parceria plena no formato PPP (Parceria Público Privada) com o governo paulista.
Já a concessionária diz, em nota na noite de ontem, que as "informações disponíveis no momento" mostram que o ocorrido "não está relacionado diretamente ao desenvolvimento das obras da Linha 6-Laranja".
"Trata-se de um rompimento de um interceptor de esgoto", diz a empresa, que montou, horas depois, uma estratégia de contenção de danos para retomada da obra. A construção está "intacta", segundo a própria empresa e o governo paulista.
O serviço de saneamento do estado é responsabilidade da Sabesp, que disse ser cedo para tirar qualquer conclusão, mas defendeu a qualidade da construção em todo seu comprimento.
"Ainda não podemos falar em causa. O que posso dizer é que é um túnel de 7,5 km, novo, inaugurado em fevereiro de 2020, e que não apresentou qualquer outro problema em qualquer ponto de toda sua extensão, só no local da obra, naquele momento", afirmou Benedito Braga, presidente da Sabesp.
Ao menos desde ontem, a secretaria dos Transportes Metropolitanos e a Sabesp têm emitido posicionamentos oficiais, em nota, de forma conjunta.
Ainda não se pode concluir nada, diz perito
Embora indiquem responsabilidades diferentes, a Polícia Científica diz que é muito cedo para ter qualquer conclusão. Ao final da tarde de segunda, o perito criminal Luiz Ricardo Lopes, responsável pelas investigações, disse que deverá levar "muito tempo".
"Eu não tenho como informar [a causa]. Eu só posso passar informações baseados nos indícios técnicos e não é possível tirar qualquer conclusão em poucas horas. É um trabalho que pode durar dias ou mais [para chegar aos primeiros indícios]", disse à imprensa.
"Hoje não é o momento de falar sobre a causa. Tem que esvaziar essa locação de forma correta para evitar novos deslizamentos e, aí sim, fazer a avaliação dia a dia junto aos órgãos competentes", afirmou Lopes.
A Secretaria de Transportes Metropolitanos e a Sabesp afirmaram que contrataram o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para apurar os fatos e possíveis causas do acidente.
A pasta afirma que o buraco está sendo preenchido por 4 mil m³ de concreto, "equivalente a 650 caminhões betoneira". Outros 12 mil m³ de pedras estão sendo despejados no poço, numa operação que envolve mais de 220 funcionários.
Após o término dessa primeira etapa de trabalho, as autoridades envolvidas, junto à Acciona, vão decidir se será necessária a instalação de estacas de proteção e contenção da cratera. Isso implica diretamente no tempo previsto de liberação da pista central da Marginal Tietê.
Há duas possibilidades, segundo o governo estadual:
- Se forem necessárias as colocações de estacas para a contenção da pista da Marginal, o prazo de liberação da pista central ficaria para o dia 11;
- Se os reparos atuais forem suficientes, e não precise instalar estacas, a pista central da Marginal pode estar liberada em até três dias.
O MP-SP (Ministério Público de São Paulo) instaurou inquérito civil, por meio da Promotoria de Justiça de Habitação e Urbanismo da Capital, para investigar as causas do desmoronamento e os danos urbanísticos e ambientais decorrentes do acidente.
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