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Sobe para 120 o número de mortos em Petrópolis após temporal

Juliana Arreguy e Marcela Lemos

Do UOL, em São Paulo e colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

17/02/2022 11h20Atualizada em 20/07/2022 19h32

Subiu para 120 o número de pessoas que morreram em razão das fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio, na última terça-feira (15). O balanço é do Corpo de Bombeiros e foi divulgado na madrugada de hoje.

Mais de 370 pessoas estão desabrigadas, de acordo com o governo do estado — 24 pessoas foram resgatadas com vida na cidade e outras 116 estão desaparecidas.

Voltou a chover forte em Petrópolis no fim da tarde de hoje, mas as buscas continuam, segundo os bombeiros. Segundo a Defesa Civil, 14 sirenes foram acionadas para alertar a população do 1º Distrito. As sirenes serviram de alerta para moradores das localidades da 24 de Maio, Ferroviários, Vila Felipe (Chácara Flora), Sargento Boening, São Sebastião (Adão Brand, Vital Brasil) e Siméria. Também hoje a Defesa Civil informou ter disparado três alertas de chuva forte por SMS, além de ter divulgado informes sobre o temporal em aplicativos de mensagens.

No bairro Alto da Serra, moradores auxiliaram hoje os militares e agentes da Defesa Civil a cavar os escombros nas buscas por parentes.

A previsão é de que o município ainda sofra com pancadas de chuva de intensidade moderada a forte até o sábado (19).

Regiões afetadas

A prefeitura decretou, ainda na terça-feira, estado de calamidade pública — medida que permite ampliação de gastos, atrasos de pagamentos e parcelamento de dívidas no município. Desde de 1º de fevereiro, a cidade já se encontrava em situação de emergência por causa das chuvas.

A região do Morro da Oficina, onde mais de 80 casas foram atingidas, concentra o maior número de vítimas. Já a rua Teresa, conhecido polo de moda da região, também está entre as áreas afetadas. Outras áreas castigadas pela chuva são: 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga.

Expectativa de novos deslizamentos

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Informações divulgou, em nota, que os acumulados de precipitações nas últimas 24 horas e nas últimas semanas elevam o nível de umidade do solo, o que pode gerar desastres mesmo sem a ocorrência de novas chuvas.

A previsão meteorológica indica que as chuvas devem continuar até o próximo fim de semana, deixando os acumulados médios nas bacias acima do normal histórico. "Neste contexto, é muito alta a possibilidade de novas ocorrências de inundações e enxurradas nas bacias hidrográficas dessas regiões", diz comunicado do Ministério.

A cidade foi atingida por um volume excepcional de chuvas -- mais do que o previsto para o mês de fevereiro todo, em apenas três horas.

A Defesa Civil divulgou que o temporal foi o pior registrado em Petrópolis desde 1932 — mesmo ano que a medição começou a ser feita pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). Casas foram destruídas, pessoas foram arrastadas pelo volume de água e corpos foram encontrados depois que a água baixou

Estado libera R$ 30 milhões

Até o momento, o governador Cláudio Castro sancionou duas leis que beneficiarão diretamente Petrópolis. Publicada no Diário Oficial de hoje, a lei 9.562/22 autoriza o repasse de R$ 30 milhões do Fundo Especial da Alerj (Assembleia Legislativa do RJ) à prefeitura. Já a lei 9.563/22 prorroga os calendários de pagamentos de IPVA e ICMS na cidade para o segundo semestre deste ano.

As normas são de autoria do presidente da Alerj, André Ceciliano (PT), e demais deputados. Em relação à mudança do calendário de pagamento de impostos, a medida vale para os municípios que tenham decretado calamidade pública decorrente de desastres naturais, que é o caso de Petrópolis.

Mortes superam tragédia de 2011

O número de mortes em Petrópolis ultrapassou o registrado em 2011: há 11 anos, a cidade teve 73 óbitos em função das chuvas. A tragédia atingiu toda a Região Serrana, que contabilizou 918 mortes, 426 delas só no município de Nova Friburgo.

Para o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o incidente de 2011 foi a maior catástrofe climática do país. No entanto, não foi o evento que mais deixou vítimas em Petrópolis: segundo a prefeitura, as chuvas de 1988 deixaram 134 mortos.

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