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É a falta de ação, e não a chuva, o que mata as pessoas, diz climatologista

Colaboração para o UOL, em São Paulo

17/02/2022 09h24Atualizada em 17/02/2022 09h26

Na avaliação do climatologista José Marengo, não é o excesso de chuvas, como o que aconteceu na última terça-feira (15) em Petrópolis (RJ), o que causa mortes: é, na verdade, a "falta de ação" por parte das esferas governamentais.

"A previsão (de desastres) está sendo bem feita", disse ele, que atua como coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), em entrevista ao UOL News - Manhã, programa do Canal UOL.

"Mas não adianta você ter os melhores modelos, pessoas trabalhando com ameaça climática, se a outra parte, de reduzir a vulnerabilidade da população, não funciona", prosseguiu.

Até a manhã de hoje, já chegava a 104 o número de pessoas mortas em decorrência do temporal que atingiu na última terça-feira a cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro, incluindo oito crianças, segundo o governo estadual.

Segundo a Defesa Civil, este foi o pior temporal registrado na cidade desde 1932, quando a medição começou a ser feita pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) — em três horas, choveu o que era esperado para todo este mês.

Desde maio de 2017, a Prefeitura de Petrópolis tinha em mãos um estudo que identificava 15,2 mil moradias com risco alto ou muito alto de destruição por consequência de chuvas.

O levantamento, que custou R$ 400 mil aos cofres públicos, apontou como local com mais residências em áreas risco alto ou muito de destruição a região do 1º Distrito, onde está o Morro da Oficina, onde as chuvas da última terça-feira foram mais devastadoras.

Para Marengo, "estudos como esses devem ser considerados", ou seja, levados em conta por governantes para a tomada de decisões, "pois se investe dinheiro público nisso".

"Municipalidades têm feito esse tipo de estudo. Agora, porque não os seguem?", indagou, lamentando que levantamentos como este acabem virando coisas "acadêmicas", sem "nenhuma aplicação" em políticas públicas.

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