O que é a 'nuvem Godzilla' do Saara e devemos nos preocupar com ela?
Uma gigantesca nuvem de areia vinda do deserto do Saara, na África, deve chegar à costa do Brasil nos próximos dias, atravessando o Oceano Atlântico. Mas, apesar de seu tamanho e de ser uma grande "mancha opaca" nas imagens de satélite, devemos nos preocupar com ela?
O fenômeno, também conhecido como "nuvem de poeira Godzilla", ocorre todos os anos e é capaz de viajar mais de 10 mil km. De acordo com dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), divulgados pela Metsul Meteorologia, essa massa de ar seco e areia deve alcançar áreas do Norte e Nordeste brasileiro e estender seu trajeto para outros países da América do Sul e do Caribe.
Apesar do seu aspecto agressivo e misterioso, a nuvem de areia está longe de ser uma ameaça e tem muitos benefícios para o meio ambiebte.
Em alguns aspectos, a camada de poeira pode trazer mudanças amenas nas condições climáticas e no funcionamento da biodiversidade. E sua chegada pode exigir também algumas medidas de cautela por parte dos civis para proteção da saúde.
O que ela é?
A "nuvem de poeira Godzilla" consiste em uma enorme massa de ar seco, carregada de partículas de areia, que se forma sobre o deserto do Saara.
Segundo informações da BBC, essa espessa camada geralmente se manifesta no final da primavera, no verão e no começo do outono no Hemisfério Norte, e se desloca em direção ao Oeste sobre o Oceano Atlântico a cada três ou cinco dias.
Tradicionalmente, a atividade da camada de ar do Saara aumenta em meados de junho, alcançando seu ponto máximo até meados de agosto, quando começa a diminuir rapidamente. A nuvem costuma ter uma duração curta, não superior a uma semana. Porém a presença de ventos em certas épocas do ano a tornam mais propensa a cruzar o Atlântico e percorrer milhares de quilômetros.
De acordo com a NOAA, a cada ano, mais de cem milhões de toneladas de poeira saariana sopram da África.
Quais são seus impactos na natureza?
Por se tratar de um fenômeno natural como qualquer outro, as nuvens de areia podem contribuir de diversas maneiras para os ciclos da natureza no planeta. Segundo a Metsul, estima-se que a formação dessa camada de ar se origina na Depressão de Bodélé, um antigo leito de lago localizado no Chade, que possui minerais rochosos compostos de microorganismos mortos e fósforo.
Esses nutrientes configuram-se como insumos essenciais para as proteínas e o fortalecimento das plantas de diversos biomas, especialmente o amazônico. Um estudo da Nasa, a agência espacial norte-americana, sobre as partículas de poeira da nuvem Godzilla afirma que ela é capaz de transportar cerca de 22 mil toneladas de fósforo do Saara até o território amazônico todos os anos.
Esses nutrientes são absorvidos pelas plantas e repõem aqueles que a floresta geralmente perde com as chuvas. Além de contribuir para a manutenção da flora, o fenômeno garante o equilíbrio do ecossistema em benefício da fauna presente no local.
De acordo com a BBC, o calor emitido pela camada de poeira também ajuda a estabilizar a atmosfera, quando o ar quente da nuvem passa por cima de ares mais frios e densos. A poeira mineral absorve a luz solar, o que contribui para regular a temperatura do planeta.
O ar seco dessas nuvens também podem afetar as condições climáticas temporariamente, como, por exemplo, a inibição da formação de tempestades e furacões tropicais.
Há riscos à saúde humana?
Em muitos casos, a qualidade do ar é afetada e isso pode ser prejudicial para saúde das pessoas, apontam informações divulgadas pela BBC. Estima-se que o ar seco e empoeirado tenha aproximadamente 50% menos umidade do que a atmosfera tropical típica, e isso não é um bom sinal para o bem-estar da pele e dos pulmões.
As autoridades sanitárias de alguns países têm alertado sobre o risco extra da nuvem de poeira para pessoas com problemas respiratórios, especialmente por levarem em conta o seu alto teor de partículas.
Para pessoas com asma e alergias, assim como aqueles que foram contaminados com covid-19, os cuidados também devem ser redobrados. Por isso, muitos especialistas recomendam o uso de máscaras e que as pessoas evitem atividades ao ar livre caso a qualidade do ar na região atingida pela poeira seja severamente afetada.
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