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Empresa que demitiu porteiro diz que condomínio ficou exposto após socorro

Juliano é socorrista e deixou a guarita para fazer os primeiros socorros de uma vítima de capotamento - Arquivo pessoal
Juliano é socorrista e deixou a guarita para fazer os primeiros socorros de uma vítima de capotamento Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

14/03/2022 19h46Atualizada em 15/03/2022 11h35

A empresa responsável pela demissão do porteiro Juliano Amaro da Silva, 44, do Edifício Spot, em Marília (SP), negou que a demissão tenha sido causada apenas pela saída do profissional da guarita para realizar socorro a uma vítima de acidente automobilístico em frente ao residencial. Segundo o Grupo IF3, responsável pela segurança do condomínio, o local ficou "exposto" porque o porteiro "ultrapassou em 2h21 o tempo necessário para o atendimento ao acidente" e que, com isso, ele deixou "o prédio absolutamente vulnerável". O profissional confirmou que passou o tempo longe e disse estar ajudando a família da vítima.

O caso ocorreu na noite de 1º de fevereiro. Na ocasião, Juliano estava jantando na guarita quando, por volta das 23h30, ouviu gritos de crianças e, em seguida, uma pancada muito forte. Ele olhou pela a janela de onde estava e viu um carro capotando, passando por cima de outro. O porteiro deixou o posto de trabalho imediatamente para atender às vítimas, já que ele também é formado em primeiros socorros.

De acordo com o Grupo IF3, o atendimento do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar havia se encerrado por volta das 00h15. No entanto, as câmeras de segurança mostram que Juliano retornou ao seu posto de trabalho às 2h36 da madrugada do dia 2 de fevereiro. "Ou seja, 2h59 após o acidente, sendo que assim o senhor Juliano ultrapassou em 2h21 o tempo necessário para o atendimento ao acidente", disse a empresa em comunicado ao UOL.

"O senhor Juliano não retornou à portaria, como deveria, com a responsabilidade de garantir a segurança de 80 famílias que residem no condomínio, deixando o prédio absolutamente vulnerável."

Camera - Divulgação/Grupo IF3 - Divulgação/Grupo IF3
Condomínio divulgou reproduções de câmeras que mostram momentos durante após acidente, alegando que residencial ficou "vulnerável"
Imagem: Divulgação/Grupo IF3

A empresa informou que tomou conhecimento do ocorrido apenas no dia seguinte, por relatos de condôminos. "O Grupo IF3 afirma que, se o senhor Juliano tivesse prestado socorro, o qual terminou
às 00h15, com a saída do Resgate com a vítima, e tivesse retornado ao condomínio, não estaríamos debatendo os fatos".

O empreendimento também informou que a decisão se deu também por advertências verbais recebidas anteriormente por Juliano por "condutas inapropriadas" e que a demissão se deu em razão do "histórico" do profissional. "A atividade de Segurança Patrimonial e Controle de Acesso não permite falha", informou.

  • Veja as notícias do dia no UOL News com Fabíola Cidral:

Solidariedade e tristeza

Ao longo do final de semana, Juliano disse ter recebido doações e promessas de cestas básicas, uma demonstração de solidariedade que o emocionou. "O pessoal ficou de mandar cesta básica e até roupas dos meus filhos", disse. "Deu para comprar o bastante para nos mantermos bem por 20 dias".

A animação, no entanto, foi interrompida após a publicação da resposta da empresa. Segundo o porteiro, os horários apresentados correspondem à realidade e ele não nega que estava ausente da guarita. Durante o tempo em questão, ele disse ter dado assistência à família do homem acidentado, ajudado na remoção dos veículos da rua e dado informações para que guinchassem o veículo.

No entanto, ele nega que houve problemas comportamentais registrados e que nunca recebeu advertência verbal, como alegou o Grupo IF3. "Eu nunca sofri uma advertência. A gente mal tinha supervisor para dar algum tipo de estrutura pra gente. Se eu tivesse recebido alguma advertência, teria sido preenchida na ata, aquele livro de capa preta, que lista todas as ocorrências do dia no prédio", afirma.