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Onça-pintada que sofreu com queimadas no Pantanal dá à luz filhote

Amanaci quando foi resgatada de queimadas no Pantanal, em 2020, com patas feridas  - Reprodução/Twitter
Amanaci quando foi resgatada de queimadas no Pantanal, em 2020, com patas feridas Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo*

16/03/2022 10h55Atualizada em 17/03/2022 08h56

Amanaci, a onça-pintada que ficou famosa após ser resgatada com as patas feridas das queimadas no Pantanal em 2020, virou mamãe em um santuário de animais em Corumbá de Goiás (GO).

O animal, que sofreu queimaduras de terceiro grau, hoje vive no Instituto NEX, onde conheceu Guarani, o pai do filhote.

Amanaci teve uma gestação de 110 dias antes do parto, segundo informações compartilhadas por Silvano Gianni, fundador do instituto, em entrevista ao "Jornal Nacional".

amanaci e filhote - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Amanaci com seu filhote, nascido no último final de semana
Imagem: Reprodução/Twitter

Apesar de recuperada, Amanaci não tem mais condições de voltar para a natureza.

Segundo página Biodiversidade Brasileira, os danos causados pelo fogo impossibilitam a onça de expor suas garras, o que dificultaria a caça de seus alimentos.

Já seu filhote, que nasceu no sábado (12), deve ser introduzido na vida selvagem "assim que tiver condições de viver sozinho na natureza".

Onça estava escondida em galinheiro

Amanaci, espécime do maior felino das Américas, foi encontrada em agosto de 2020 escondida em um galinheiro em Poconé (Mato Grosso), onde se abrigou do fogo das queimadas no Pantanal. Logo depois, foi transferida para o Instituto Nex, uma ONG de preservação desses animais, a 100 km de Brasília e a mil de seu habitat natural.

Desde então, a onça se tornou símbolo da destruição provocada pelos piores incêndios já registrados na maior área alagável do planeta, se submetendo a um tratamento com células-tronco para melhorar a recuperação de suas patas, que apresentavam queimaduras de terceiro grau.

"O caso da Amanaci foi muito impactante para nós. As feridas eram horríveis, ela estava com os ossos expostos. Hoje, a gente olha e diz que está linda, porque ela realmente reagiu muito bem ao tratamento com células-tronco", disse à AFP Cristina Gianni, fundadora do Instituto Nex.

"A gente começou a aplicação de células-tronco justamente para estimular o crescimento do tecido, o crescimento das células e da pele para acelerar a cicatrização. Desde então, ela vem respondendo muito bem ao tratamento. Ela vem-se alimentando muito bem, ganhou peso, está bastante ativa", relatou o veterinário Thiago Luczinski.

Entenda por que Amanaci não pode voltar pra natureza

Apesar da melhora, é improvável que Amanaci, que na língua tupi-guarani significa "Deusa da Chuva", volte ao Pantanal: as chamas queimaram os tendões que lhe permitem expor as garras.

"Se ela voltar para a vida livre, vai ser um pouco prejudicada por causa da ausência dessa função [de expor as garras]. Então, a gente ainda vai ter que pensar muito bem se ela volta, ou não, mas a chance de ela ficar [em cativeiro], é bastante grande", acrescentou o veterinário da ONG, que atualmente abriga 23 felinos resgatados.

Em 2020, os incêndios devoraram 23% da parte brasileira do Pantanal, que se estende até Paraguai e Bolívia.

As imagens de paisagens reduzidas a cinzas e de cadáveres de animais carbonizados horrorizaram o mundo e geraram críticas ao governo de Jair Bolsonaro. Especialistas e ONGs ambientalistas culpam o presidente pelo aumento do desmatamento e pelas queimadas na Amazônia e no Pantanal por seu discurso e leis a favor das atividades de agropecuária e de mineração em áreas protegidas.

*Com informações de AFP