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Em uma tarde, Petrópolis tem quase toda a chuva esperada para março

Ana Paula Bimbati

Do UOL, em São Paulo

20/03/2022 18h37

As chuvas que atingiram Petrópolis (RJ) hoje representaram quase todo o volume esperado para o mês na cidade.

Segundo o governo fluminense, o volume de 208,2 milímetros de chuva caiu ao longo de quatro horas. De acordo com a Defesa Civil da cidade, este intervalo de tempo foi ainda menor: duas horas e meia.

A média esperada de chuva na cidade para o mês de março é em torno de 250 mm. Em fevereiro, um temporal na cidade deixou 233 mortos — ainda há quatro pessoas desaparecidas. Na ocasião, o volume de chuvas foi de 250 milímetros por três.

Por volta das 21h30, a Defesa Civil informou que algumas regiões da cidade ultrapassaram o volume esperado para todo o mês. São elas:

  • São Sebastião com 371.2 milímetros;
  • Dr. Thouzet, com 314,8; e
  • Vila Felipe, com 307 milímetros nas últimas 12 horas.

"Os eventos de fevereiro podem ser repetidos. Visto que a cidade ainda não está 100% reestruturada, os morros estão com menos vegetação, isso acaba aumentando o risco associado a deslizamentos", afirmou Pedro Regoto, especialista de clima da Climatempo.

A Defesa Civil de Petrópolis afirmou que orienta os moradores de áreas de risco a se deslocarem para locais seguros. A cidade conta com 19 pontos de apoio para acolher a população.

De acordo com o governo do estado do Rio de Janeiro, as áreas da Vila Felipe, Doutor Thouzet e Independência foram as mais atingidas. O Corpo de Bombeiros atendeu cinco ocorrências na cidade. Não há registro de vítimas, segundo as autoridades.

Há registros de deslizamentos, mas em locais que já haviam sido afetados em fevereiro e estavam interditados. "Um dos chamados foi em uma residência no Caxambu, na Rua Waldemar Ferreira, que estava desocupada por interdição anterior", disse a Defesa Civil.

Há possibilidade de 130 milímetros de chuva para segunda-feira (21), em Petrópolis, segundo informou o Climatempo.

15 minutos para rio transbordar

Morador da cidade, Marcílio Brito, disse à GloboNews que a força da água é menor do que em fevereiro, mas ainda assim se assustou. "Cerca de 15 minutos após o início da tempestade, o rio encheu e transbordou, causando esse alagamento", contou.

Regoto explicou ao UOL que isso acontece devido a topografia do local. "As chuvas são muito intensas e rápidas, o que não dá tempo de escoar essa água como deveria ser. Os rios não suportam essa quantidade de chuva, transbordam, dificultando ainda mais o escoamento da água que vai diretamente para cidade", afirmou.

O especialista também destacou que Petrópolis está rodeada de morros e, por isso, a cidade se apresenta como um vale, "concentrando essa massa d'água que vem diretamente nela e através do escoamento superficial da chuva que cai sobre os morros".