Topo

Esse conteúdo é antigo

Família acusa PM de matar lutador de 17 anos e jogar corpo em valão no RJ

Cauã da Silva dos Santos, foi baleado e morto em Cordovil, no Rio de Janeiro - Reprodução/Facebook
Cauã da Silva dos Santos, foi baleado e morto em Cordovil, no Rio de Janeiro Imagem: Reprodução/Facebook

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

05/04/2022 11h49Atualizada em 05/04/2022 16h23

A família de Cauã da Silva dos Santos, 17, acusa a Polícia Militar do Rio de Janeiro de ter matado o adolescente na noite de ontem, com dois tiros, e jogado o corpo do rapaz em um valão na comunidade do Dourado, em Cordovil, na zona norte da cidade.

O tio da vítima, Thiago Velasco, afirmou ao UOL que o sobrinho foi atingido no peito por um PM após deixar um evento que acontecia na região.

Cauã era lutador de jiu-jitsu e de luta livre e integrava um projeto social na comunidade. O rapaz comemorava junto aos amigos a classificação para uma competição que ocorreria no próximo sábado (9).

A gente tava aqui ontem, dentro da associação de moradores onde funciona uma academia, fazendo uma pré comemoração, pois o Cauã e os amigos iam disputar um campeonato de luta livre sábado que vem. Tava tudo cheio aqui. Colocamos pula-pula, tinha um monte de criança brincando, servimos salgadinho, cachorro quente e a polícia entrou atirando e matou o Cauã. Jogaram ele no valão. Um pastor quem entrou e removeu ele. Mais um jovem negro morto brutalmente pela PM. Thiago Velasco

O adolescente chegou a ser socorrido por moradores da própria comunidade e foi levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, também na zona norte, mas Cauã chegou morto na unidade.

Os moradores negam a ocorrência de operação policial na região e duas manifestações foram realizadas: uma na noite de ontem, quando um ônibus foi incendiado, e outra hoje pela manhã.

Ainda de acordo com a família, Cauã estudava, trabalhava em um ferro-velho e tinha o sonho de se alistar nas Forças Armadas. Ele treinava jiu-jitsu e luta livre quase diariamente.

Segundo a plataforma Fogo Cruzado, 16 adolescentes foram baleados este ano na região metropolitana do Rio de Janeiro. Cinco morreram.

O outro lado

Procurada na manhã de hoje, a PM afirma, em nota, que "a 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) já instaurou um Inquérito Policial Militar para apurar todas as circunstâncias do caso".

Antes, a corporação havia informado que, de acordo com policiais do 16° BPM (Olaria), equipes da unidade realizavam policiamento pela Rua Antônio João, nas imediações da comunidade, em Cordovil, quando criminosos armados atacaram a tiros a guarnição.

"Houve confronto e um suspeito foi atingido. Com o homem, que era evadido do sistema prisional, foram apreendidos um rádio comunicador, 60 papelotes de maconha, 15 papelotes de cocaína e R$ 39,00 em espécie", afirma o comunicado.

Ainda de acordo com a nota, posteriormente os policiais seguiram até um valão próximo, onde os demais criminosos pularam durante a fuga. No local, foram apreendidos uma pistola calibre 9mm e três carregadores com 31 munições.

"Posteriormente, as equipes foram informadas de que um homem atingido por disparo de arma de fogo deu entrada no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, onde não resistiu aos ferimentos. Como em todas as ocorrências que resultam em óbito, um procedimento apuratório foi instaurado para apurar todas as circunstâncias da ação", encerra o comunicado.

  • O UOL está no TikTok! Siga e acompanhe notícias, vídeos inusitados e trechos de programas do UOL.