PE: Pastor é preso suspeito de estupro de adolescentes em curso de reforço
Um pastor de 36 anos foi preso em Pernambuco após os pais de oito vítimas, algumas delas menores de 14 anos, registrarem contra ele boletins de ocorrência com relatos de abuso sexual e estupro de vulnerável. Ele é fundador da Igreja Assembleia de Deus Dose da Esperança, localizada no bairro UR-06, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
O homem também era proprietário e professor do cursinho "Isoladas Kimwolf", que funcionava em um quartinho no primeiro andar de sua residência, situada na mesma região da igreja. No local, ele oferecia reforço nas matérias de português, física, matemática e química.
De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, o pastor e professor atraía seus alunos e alunas através da igreja, ou amigos de fiéis, e até mesmo com abordagens através das redes sociais.
Em um dos casos, segundo conta a delegada Vilaneida Aguiar, à frente das investigações, o pastor teria dito à mãe de uma adolescente que levaria sua filha a uma escola para que ela fizesse uma prova. Em depoimento, a menina contou que o pastor ofereceu uma água e ela teria acordado nua e amarrada em um motel, após já ter sido estuprada.
A estratégia de assédio e estupro era diferente para cada situação. Em conversa reservada com a reportagem do UOL, a mãe de outra vítima contou que era diaconisa da Assembleia de Deus Dose da Esperança e que jamais esperou que isso pudesse acontecer.
"No caso de quem era aluna dele, ele chamava cada criança de forma individual para um quarto com a justificativa de que faria um teste de QI. Lá, ele pedia para a menina tirar a roupa, colocava uma venda nos olhos dela e dizia que estava passando uma máquina (tipo scanner). Ele dizia que era necessário tirar a roupa e vendar os olhos porque a máquina tinha uma luz que queimava tudo", conta sobre o episódio, ocorrido em 2020. Na época, sua filha tinha 14 anos.
Segundo ela, no momento em que as crianças estavam nuas, o pastor também mandava que ficassem em várias posições diferentes. "Ele dizia que a menina precisava fazer isso para que a máquina de QI medisse direito", lembra. A mãe acredita que o pastor fazia imagens das crianças para comercializar. "Essa luz que ele colocava era para que as fotos ficassem boas", sugere.
A delegada ressalta que, em todos os depoimentos, as vítimas afirmaram que em nenhum momento suspeitaram de uma intenção maliciosa da parte do pastor, que, além de ser conhecido da família, era uma pessoa que lhes demonstrava respeito e autoridade.
"O homem se aproveitava da confiança que as adolescentes tinham nele. Em muitos casos, não houve o ato consumado, mas o toque, conforme os relatos", declarou Vilaneida Aguiar.
A identidade do pastor não foi revelada pela polícia, que também não revelou se o suspeito já teve defesa constituída. O espaço segue aberto para manifestação da defesa e será atualizado tão logo haja manifestação.
Em busca de outras vítimas
Os primeiros boletins de ocorrência na Delegacia de Jaboatão dos Guararapes foram registrados em agosto de 2021, mas, segundo as vítimas, esses abusos teriam acontecido desde 2013. Por isso, a polícia não descarta a possibilidade de que esse crime venha acontecendo há muito tempo e que possa haver muitas outras vítimas.
O mandado de prisão contra o pastor foi expedido há três semanas, mas, segundo a delegada Vilaneida Aguiar, desde setembro do ano passado, ele havia desocupado o imóvel onde morava com a sua família e estava desaparecido. Nesta quinta-feira (7), ele foi encontrado e preso no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes.
De acordo com a Polícia Civil, o pastor e professor será investigado por crime de fraude sexual (quando usa de estratégias para enganar a vítima e cometer o crime), de estupro a vulnerável (contra meninas menores de 14 anos) e estupro (quando há violência, força ou falta de consentimento). Juntos, os crimes podem somar até 26 anos de reclusão. O homem está à disposição da Justiça no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), Abreu e Lima, na RMR.
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