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Quem era Roni Peixoto, braço-direito de Beira-Mar achado morto em carro

O traficante Roni Peixoto, considerado braço-direito de Fernandinho Beira-Mar - Charles Silva Duarte/O Tempo/Folhapress
O traficante Roni Peixoto, considerado braço-direito de Fernandinho Beira-Mar Imagem: Charles Silva Duarte/O Tempo/Folhapress

Felipe Mendes

Colaboração para o UOL

11/04/2022 16h26

Considerado pela polícia como um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV) e apontado como braço-direito do narcotraficante Fernandinho Beira-Mar em Minas Gerais, Roni Peixoto foi encontrado morto na manhã de hoje (11) dentro de um carro, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte.

A polícia afirmou que o traficante, de 51 anos, teria sido morto por dois homens encapuzados que se identificaram como policiais. Também conhecido como "Gordo", Peixoto havia deixado a cadeia em 2019 para cumprir prisão domiciliar, após passar mais de duas décadas preso por crimes como tráfico de drogas e homicídio - em 1995, Peixoto foi condenado a 35 anos de prisão. Ele havia sido recapturado durante uma operação em 2012.

A primeira prisão do traficante ocorreu em 1995, quando ele foi condenado a mais de 12 anos de prisão - ele fugiu 3 vezes da cadeia no período. Segundo a polícia civil de Goiás, além do tráfico, Peixoto respondia processos por homicídio, posse e porte ilegal de arma de fogo e formação de quadrilha.

Em contato com o UOL, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), afirmou que "Roni Peixoto possui seis passagens pelo sistema prisional, sendo a primeira de 9/8/1995 a 8/5/1996, na antiga Casa de Detenção Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves e, a última, de 4/7/2018 a 3/4/2019, na Penitenciária de Ribeirão das Neves I (José Maria Alkimin), quando foi liberado, por alvará de soltura condicionado à prisão domiciliar, concedido pela Justiça".

Roni Peixoto chegou a se envolver em diversas guerras do tráfico de drogas e atuava em toda cidade de Belo Horizonte, principalmente na Pedreira Prado Lopes, região noroeste da capital mineira.

Em entrevista à Rádio Itatiaia, em 2020, Peixoto afirmou que entrou no mundo do crime em 1992, após ser demitido do banco Bradesco, onde atuou como office boy e no setor de contabilidade. Ele teria, inclusive, sido um dos que introduziram o crack em Minas Gerais, no início da década de 90.

Roni Peixoto - Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação - Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação
Roni Peixoto
Imagem: Polícia Civil de Minas Gerais/Divulgação

Ele também negou que tivesse qualquer relação com Fernandinho Beira-Mar. "Eu não conheço Fernando Beira-Mar, eu nunca vi o Fernando Beira-Mar, eu nunca tirei cadeia para Fernando Beira-Mar, nós nunca teve (sic) no mesmo sistema, porque na época que eu estava preso. Ele tava na rua e, quando eu fui preso, ele fugiu", afirmou quando questionado sobre ter auxiliado na fuga de Beira-Mar da prisão.

A Polícia Civil chegou a afirmar que a ligação entre Peixoto e Beira-Mar teria se fortalecido quando o narcotraficante conseguiu fugir pela porta da frente do Departamento Estadual de Operações Especiais (Deoesp), em Belo Horizonte - Peixoto teria dado R$ 500 mil para policiais auxiliarem na fuga.

Relação com Comando Vermelho

O Ministério Público de Minas Gerais afirma que Roni era tido como líder do Comando Vermelho, facção criminosa do Rio de Janeiro com ramificações em Minas Gerais. Entre seus principais comparsas estariam seu irmão Raimundo Peixoto de Souza, além de Luiz Fernando de Souza, o Fernandinho Beira-Mar.

O Comando Vermelho (CV) é uma das maiores facções do país, ao lado do Primeiro Comando da Capital (PCC). O CV foi criado em 1979 no Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, ainda durante o período de ditadura militar. Atualmente, acredita-se que a facção possua ramificações em estados como Acre, Amapá, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins.

PCC e CV eram aliados até o segundo semestre de 2016, quando entraram em confronto definitivo por, entre outros motivos, disputarem batismos de criminosos em presídios. O PCC chegou a enviar um comunicado a um dos chefes do Comando Vermelho, Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, pedindo que ele intermediasse um acordo com outras facções que estariam querendo bater de frente com PCC e teriam firmado uma aliança com o CV.

A partir daí iniciou-se uma série de confrontos em presídios do país, cujo ápice foi o chamado massacre de Manaus. No primeiro dia de 2017, membros da FDN (Família do Norte), então aliada do Comando Vermelho, assassinaram 56 presos - 26 eram filiados ao PCC.