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Baiana denuncia extravio de cadeira de rodas em voo: 'É parte do meu corpo'

Mila D"Oliveira ficou sem saber paradeiro da própria cadeira de rodas após viajar de Milão para Salvador - Mila D"Oliveira/Instagram/Reprodução
Mila D'Oliveira ficou sem saber paradeiro da própria cadeira de rodas após viajar de Milão para Salvador Imagem: Mila D'Oliveira/Instagram/Reprodução

Lorena Barros

Do UOL, em São Paulo

11/04/2022 14h15Atualizada em 12/04/2022 11h57

Uma baiana de 34 anos que voltava de uma viagem na Europa com a família para a cidade de Salvador usou as redes sociais para denunciar que teve a cadeira de rodas elétrica que ela usa para se locomover extraviada pela companhia aérea Latam.

Mila D'Oliveira embarcou em Milão, na Itália, no sábado (9) e, mesmo chegando com antecedência no aeroporto, disse que não teve prioridade no embarque, o que tornou a acomodação na sua cadeira, nas palavras dela, "caótica".

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"O avião estava com praticamente todos os passageiros embarcados. Foi um tumulto, porque enquanto as pessoas entravam com as suas malas, eu estava entrando com a cadeira de bordo em um espaço muito pequeno. Tinha um voo para pegar quando chegasse em Guarulhos em cerca de duas horas de diferença. Eles sugeriram que, se mandasse minha cadeira direto, talvez fosse mais fácil", explica em conversa com o UOL.

A passageira diz que aceitou o desconforto de ser transportada em uma cadeira que não era adequada a ela para garantir a agilidade de locomoção e só reaver o veículo em Salvador.

Quando ela pousou na capital soteropolitana, porém, foi informada de que a cadeira não estava no local. Ela foi orientada a procurar o mesmo setor que é buscado por aqueles que têm as bagagens extraviadas.

"Me senti lameada. Você percebe que as pessoas não têm a mínima dimensão do que significa uma cadeira de rodas para uma pessoa com deficiência. Ela é parte do meu corpo. A tecnologia que eu uso para andar. Como pode você viajar para um lugar e, quando chegar nele, não pode mais andar? A cadeira significa a minha segurança, a minha autonomia, o meu bem-estar físico e emocional", conta.

A passageira afirma que, mesmo que a companhia aérea pagasse naquele momento uma cadeira nova para ela, ela não teria o mesmo conforto oferecido pelo veículo que estava perdido, já que ele foi feito sob medida.

Sem qualquer resposta sobre o paradeiro da cadeira, ela foi para casa com a cadeira de rodas do aeroporto e só recebeu a informação de que seu meio de locomoção havia sido encontrado ontem (10).

Quando recebeu a cadeira em casa, porém, ela percebeu que o objeto não estava nas mesmas condições de quando ela foi entregue à companhia.

"Ela estava toda desconectada, com plugs soltos que eu não autorizei desconectar. Acho que alguém a carregou pelo pé de apoio e ele soltou uma parte. Quando finalmente sentei nela e consegui ligar eu percebi que ela não estava do jeito que eu deixei", afirma Mila.

Mila lembra que essa não é a primeira vez na qual passa por uma situação do tipo e conta que vai acionar a Justiça em busca dos seus direitos.

"Já aconteceu de vir arranhada, molhada, de eu ficar mais de uma hora esperando para sair do avião. Já cheguei a aeroportos que sequer tinham cadeiras de roda para me transportar. Essa perda aconteceu no voo de volta, mas imagina se eles perdessem minha cadeira quando eu estivesse indo? Chegando em uma cidade que não conheço, de madrugada", questiona ela.

O UOL entrou em contato com a Latam em busca de informações sobre o que ocorreu com a cadeira de rodas de Mila. Em nota, a empresa informou que o objeto ficou retido na Receita Federal, em uma situação "alheia" à companhia aérea, e disse que "não mediu esforços para localizar" o veículo.

"A Latam reitera que prestou toda a assistência necessária à cliente e que a cadeira de rodas já foi entregue a ela". A companhia aérea foi questionada sobre as condições na qual a cadeira de rodas foi devolvida à usuária, mas não respondeu sobre o assunto.

Em nota, a Receita Federal afirma que não reteve a cadeira. "Todas as bagagens que sobram de determinado voo, seja porque não foram retiradas da esteira ou pertencem a viajantes que não embarcaram naquele voo, são reunidas pela companhia aérea, que solicita a liberação dessas bagagens à Alfândega da Receita Federal".

"Nesse caso, a Receita Federal recebeu e-mail da companhia aérea solicitando a liberação da cadeira de rodas às 7h59 do dia 10/4. Cinco minutos depois, às 8h04, a cadeira de rodas já estava liberada e colocada à disposição da companhia aérea", diz o comunicado.