Moradores relatam medo durante ataques em Guarapuava (PR): 'Cena de guerra'
"A cena era de guerra. Fiquei embaixo da cama com meus filhos por horas, no escuro, esperando os bandidos saírem da cidade". O relato é de um morador de Guarapuava (PR), a 256 quilômetros de Curitiba, que prefere não ter o nome divulgado. Ele é um dos que viveram momentos de terror ontem à noite, por volta das 22 horas, quando criminosos invadiram a cidade para tentar assaltar uma transportadora de valores. Os criminosos permaneceram no local por quase três horas.
Para evitar a ação da polícia, os suspeitos, muitos deles com fuzil e metralhadora, segundo a PM (Polícia Militar), incendiaram a delegacia da Polícia Civil. Eles ainda fecharam as entradas de acesso a Guarapuava para impedir a chegada do reforço policial. Alguns veículos também chegaram a ser incendiados pelas ruas da cidade durante o crime. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) estima 30 suspeitos. Ninguém foi preso.
Três pessoas ficaram feridas, sendo dois militares e um morador, segundo a prefeitura de Guarapuava, que prestou socorro às vítimas nas unidades de saúde. No caso dos oficiais, os ferimentos foram nas pernas e cabeça. Eles não correm risco de morrer.
A cena era de guerra. Os bandidos apagaram as luzes da cidade e estavam em toda a cidade. Estamos com muito medo. Nunca tinha visto isso antes. Meus filhos são pequenos e estão desesperados. Relato de morador ao UOL.
O morador diz que agora a preocupação é com os familiares que moram em Palmeirinha, distrito de Guarapuava. A PM informou que a quadrilha fugiu em sete veículos em direção à área rural da cidade. Os carros foram encontrados fora do perímetro urbano, com munições.
"Eles dominaram todos os bairros em Guarapuava, com o objetivo de assustar todo mundo. Agora a situação ainda é tensa porque eles podem estar escondidos na região de mata. Minha irmã mora lá perto e disse que são dez vans com policiais que realizam as buscas e tem muito armamento abandonado no caminho. A cena é assustadora", relata.
Momento de terror também passou uma estudante de 21 anos. Ela relata que os criminosos estavam perto de sua casa. Com o barulho intenso de tiros, a universitária só foi saber realmente o que estava acontecendo quando grupos de mensagens começaram a divulgar vídeos da ação.
"Achamos que poderiam ser fogos de artifício, mas começamos a ser avisados em grupos de apartamentos, do bairro e da faculdade de que se tratavam de criminosos que estavam aqui. Um desses focos foi próximo a faculdade, que é bem perto de onde eu moro. Eu, meu amigo que mora comigo, minha mãe e minha gata, ficamos o mais parado possível em casa, abaixados e com as luzes desligadas, esperando o tiroteio passar. Dava para escutar barulho de metralhadora", relembra.
De acordo com a Protege, empresa de segurança que atua no município, a ação visava o cofre da empresa de sua base operacional, mas não teve sucesso. "Nos últimos anos, robustos investimentos e aplicação de novas tecnologias ampliaram ainda mais os rígidos padrões de segurança adotados pela empresa o que, certamente, contribuiu para o insucesso da ação criminosa". A empresa disse ainda colaborar com as autoridades e que "reconhece o relevante trabalho das forças de segurança no enfrentamento ao bando de criminosos que atacou a cidade".
Moradores dizem que ainda estão com medo
A manhã de segunda-feira começou diferente na cidade, que é uma das principais da região do Terceiro Planalto Paranaense, no centro-sul do estado.
Muitos comércios não abriram as portas, escolas e universidades suspenderam as aulas e poucas pessoas circulam pelas ruas, relatam os moradores. A polícia afirma que a situação está controlada na cidade e que não há risco aos habitantes.
"A cidade está na tranquilidade. As aulas podem continuar e o comércio pode reabrir. Houve uma situação de ataque ao 16º batalhão e optamos por fazer um cerco, não colocando a sociedade em risco por conta do forte armamento que esses marginais estavam em posse", comentou o tenente-coronel Joas Lins, do 16º batalhão da Polícia Militar.
Apesar da recomendação, moradores dizem à reportagem que preferem ficar em casa.
"Ainda estou com medo. Não sabemos se eles ainda estão escondidos aqui na cidade ou nas cidades vizinhas. Agora há pouco passou um helicóptero por aqui e a situação ainda é assustadora", contou ao UOL outra universitária, de 21 anos.
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