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Botox e plástica: como número 2 do PCC mudou o rosto para fugir da polícia

O antes e depois de Colorido, integrante do PCC - Divulgação
O antes e depois de Colorido, integrante do PCC Imagem: Divulgação

Colaboração para o UOL

20/04/2022 10h13

Parece roteiro de filme hollywoodiano, mas foi uma história real e aconteceu na cidade de Salgueiro, em Pernambuco. Conhecido no mundo do crime como Colorido, Valdeci Alves dos Santos, de 50 anos, era o número 2 da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) quando recorreu a botox e cirurgia plástica para mudar a aparência e fugir da polícia.

Depois das técnicas de rejuvenescimento e mudança facial, adotou barba e tirou os óculos. A pele ficou bronzeada e mais firme. Disfarçou o rosto magro e os cabelos ralos.

Pelas fotos, é possível notar que as maçãs do rosto parecem mais preenchidas, os olhos foram "levantados" e a testa não está mais enrugada.

Com o novo rosto, passou oito anos fugindo da polícia e virou um dos mais procurados do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Vivia entre a Bolívia e o Paraguai, mas também passeava pelo Nordeste do país, por isso precisava de uma nova aparência. Nesse período, realizou vários procedimentos estéticos, mas a polícia não soube precisar quantos de fato foram feitos.

Quando foi parado numa blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), no último sábado (16), não foi identificado nem pelo sistema de reconhecimento facial. Driblou a tecnologia, mas acabou preso por apresentar uma CNH falsa.

Colorido não era qualquer um no mundo do crime. Segundo o Ministério Público, ele fiscalizava o andamento dos diversos setores da facção criminosa e repassava as informações para os líderes presos. Também tinha a missão de fornecer droga para os estados do sudeste do Brasil e fiscalizar o que ia para o exterior. Era homem forte e respeitado junto aos principais produtores de cocaína.

Nas ruas, era "os olhos de Marcola" —Marco Willians Herbas Camacho, considerado o chefe do PCC.

Era também o braço direito de Marcos Roberto de Almeida, de 51 anos, considerado o número 1 da facção criminosa desde que Marcola foi preso. Conhecido como Tuta, ele agora toma decisões estratégicas para o grupo e está foragido da Justiça.

Colorido e Tuta já conviveram na penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em São Paulo.

Até 2014, Colorido estava preso, mas aproveitou uma saída temporária à qual tinha direito pela lei e não mais voltou, tornando-se, desde então, foragido.

Ele responde pelos crimes de tráfico de drogas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. Segundo o advogado dele, Bruno Ferullo, disse à Folha, as acusações do Ministério Público são "infundadas" e afirmou que seu cliente não é traficante e não tem ligação com o crime organizado.

A prisão Colorido pode ter impacto na organização interna do PCC e colocar em risco o próprio comando de Marcola, condenado a mais de 300 anos de prisão, acredita o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, membro do Ministério Público paulista e integrante de grupo de combate ao crime organizado.

Tuta deve assumir todo o controle da facção.

As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.