Pai de menina morta contesta confissão da mãe: 'não desejo isso a ninguém'
O pai biológico de Luna Nathieli Bonet Gonçalves, 11, cuja mãe confessou ter provocado a morte dela a socos e chutes, pede à polícia que investigue se a confissão é verdadeira. Sidival Gonçalves diz não acreditar na versão da ex. Em depoimento à polícia, na última sexta-feira (15), a mulher disse que estaria revoltada pelo fato de a menina ter arranjado um namorado e iniciado a vida sexual. Ela e o atual companheiro estão presos temporariamente por 30 dias.
Em entrevista ao UOL, Gonçalves contou ainda acreditar que o casal tenha feito uma espécie de pacto, isolando as filhas de quaisquer tipos de contato exterior. Segundo a Polícia Civil, Luna não ia às aulas desde o começo do mês - o que foi confirmado pela Secretaria de Educação do Estado. O suposto namorado estudava na mesma escola. O homem diz ainda acreditar no envolvimento do padrasto de Luna no crime.
Eu peço a Deus todos os dias para que dê clareza para os peritos, policiais e outras autoridades para que eles cheguem na conclusão certa. Mas eu tenho certeza. A mãe pode ter participado, mas quem matou foi ele [o padrasto].
Sidival Gonçalves, pai de Luna
O homem diz que chegou a ver a filha ainda no Instituto Médico Legal e, desde então, não consegue dormir ou se alimentar apropriadamente. Antes disso, viu a filha apenas em 2 março do ano passado, quando fez uma festa de aniversário em conjunto com a outra filha dele. Depois do evento, a menina se mudou com a mãe para outro bairro com o padrasto, não tendo contato desde então.
"Nunca ia imaginar uma violência tamanha dessa. Não tenho vontade de sair de casa. Não durmo direito, não me alimento direito. Não desejo isso a ninguém. Ver minha filha como eu vi, saindo do IML. A menina estava muito machucada," afirmou.
Um laudo preliminar aponta politraumatismo com diversas lesões e contusões internas e externas no crânio, baço, pulmão, alças intestinais, laceração na vagina, marcas no rosto, braços e pernas, além da região torácica.
"No começo, ela era uma boa mãe. Não posso me queixar, cuidava bem da menina; dava atenção, dava carinho. Depois que ela teve outra filha, ela foi deixando a Luna de lado", afirmou.
A mãe de Luna tem outras duas filhas de outros relacionamentos - uma menina de 6 anos e um bebê de 9 meses, este, com seu atual companheiro, preso com ela.
A Polícia Civil segue investigando o caso e não descarta o envolvimento do padrasto na morte da Luna, assim como a possibilidade de crime sexual, já que a menina apresentava laceração na vagina. O delegado responsável aguarda os laudos, que devem ficar prontos na semana que vem e continua ouvindo testemunhas.
O UOL localizou o representante legal do casal, mas, até o momento, não conseguiu estabelecer contato para obter esclarecimentos. O espaço será atualizado tão logo o contato seja estabelecido e haja manifestação.
Relembre o caso
O caso aconteceu em Timbó (SC) na semana passada. Em um primeiro depoimento, o padrasto e a mãe afirmaram que Luna havia caído da escada. Ela teria ficado consciente e jantado, tomado banho e, mais tarde, começado a passar mal, até que os responsáveis teriam chamado por socorro. No hospital, a médica que avaliou a criança estima que Luna pode ter morrido até quatro horas antes dos responsáveis acionarem os bombeiros, na madrugada de quinta-feira (14).
Após o laudo e os vestígios de sangue, o casal foi novamente ouvido, na última sexta-feira (15), e a mãe confessou que teria matado a filha após saber que Luna tinha um relacionamento afetivo e que havia se tornado "sexualmente ativa". Já o padrasto permaneceu em silêncio durante todo o depoimento. Desde então, o casal está preso temporariamente por 30 dias, mesma data que a Polícia Civil pretende concluir as investigações.
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