Polícia apura se esquartejamentos têm ligação com sumiço de outra criança
O caso do esquartejamento de duas mulheres em São Paulo, após a filha de uma delas, de oito anos, ter sido encontrada com sinais de agressão por populares, pode ter relação a outra ocorrência, de 2020: o desaparecimento do menino Matheus Henrique, de 11 anos, que era autista.
Raquel Mariano Lopes, uma das mulheres encontradas esquartejadas no último dia 13, no bairro Parque do Carmo, na Zona Leste de São Paulo, tinha um relacionamento e morava com a mãe de Matheus na época. Segundo a mãe do menino, era ela quem estava passeando com o menino no dia em que ele desapareceu.
Dois anos depois, Raquel passou a se relacionar com Lethicya Cristina Pinto Mariano.
Lethicya era mãe da menina de oito anos encontrada por populares dias depois, com evidentes sinais de violência, nas proximidades de uma estação de metrô da capital paulista. Ao ser abordada por populares, que questionaram as marcas de maus-tratos, uma mulher que estava com a menina fugiu, largando a criança sozinha. Essa mulher pode ter sido Raquel.
A polícia investiga se os dois casos podem estar relacionados e a testemunha que pode conectar os fatos é a filha de Lethicya, que segue internada em um hospital de São Paulo por conta dos abusos. Quando receber alta, ela ficará sob a guarda da avó, já que a mãe também foi encontrada esquartejada.
Em entrevista ao "Cidade Alerta", da TV Record, a mãe da criança afirmou que viu a conexão entre o caso do filho desaparecido e o da menina machucada assim que soube da morte violenta de Raquel. Ela agora quer que a polícia apure as conexões, pois tem esperança que o filho possa estar vivo.
Na época em que Matheus Henrique desapareceu, Raquel chegou a ser ouvida na delegacia, mas o caso nunca foi solucionado.
"Eu estou esperando esse mistério acabar, porque é uma dor que eu carrego, que aprendi a lidar com essa dor. Mas eu quero saber qual é a real, o que aconteceu. Cadê meu filho?", diz a mãe de Matheus à emissora. Ela afirma nunca ter desconfiado da companheira, à época.
"Ela só me pedia mil desculpas, dizia que tinha sido um erro dela, um desvio. Ela disse que olhou para o lado e quando foi olhar o Matheus ele não estava mais no local".
Na opinião da mãe, a peça-chave para desvendar o mistério é a menina, filha de Lethicya, que permanece internada. "Pelo menos ela pode falar algo, dizer algo. Porque criança não mente".
Esquartejamento: vizinhos ou crime organizado?
Segundo declarou o delegado Fernando César de Souza ao Cidade Alerta, a menina foi encontrada por populares, muito machucada.
"Os populares foram intervir, ela estava com uma mulher e, quando chegaram perto, ela fugiu. A menina foi socorrida imediatamente e foi feito um registro pela Guarda Civil. A criança sofria maus-tratos recorrentes, tinha histórico de violência sexual e tortura. E, ao que tudo indica, foi isso que desencadeou a morte da mãe (Lethicya) e da madrasta (Raquel)".
Souza afirmou ainda que a investigação indica que os suspeitos são da região onde as mulheres moravam, no bairro Cidade Patriarca, zona leste de São Paulo. "As informações indicam que foi alguém da comunidade, mas não posso afirmar se foi mesmo a população revoltada ou crime eventual do crime organizado".
O UOL entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, para obter mais informações sobre as investigações, mas até o fechamento desta reportagem o órgão não havia respondido.
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