Ibama não fiscaliza Terra Ianomâmi desde dezembro de 2021, diz associação
A Ascema (Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente) divulgou uma nota na sexta-feira (6) afirmando que servidores do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais) não são enviados à Terra Indígena Ianomâmi desde dezembro de 2021, há cinco meses.
Na nota, intitulada "Governo Bolsonaro boicota IBAMA e ICMBio [Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade] no caso Yanomami", a associação, composta por entidades representativas dos servidores da carreira de especialista em meio ambiente, que integra o corpo de servidores do Ministério do Meio Ambiente, Ibama, ICMBio e Serviço Florestal Brasileiro, repudia "os sucessivos ataques promovidos por garimpeiros e solidariza-se aos povos indígenas".
A associação afirma que, apesar de haver determinação, não houve nenhuma ação de fiscalização do Ibama.
Sem fiscalização, as atividades criminosas ganharam espaço para se desenvolver livremente, colocando sob risco não apenas os povos originários do Brasil, mas também toda a população, as futuras gerações, bem como a nossa megabiodiversidade Trecho de nota divulgada pela Ascema
A Ascema cita ainda "o abandono de programas e planos efetivos e consagrados" no combate ao desmatamento na Amazônia e no Cerrado, agravados "pelo apoio governamental declarado a garimpeiros e madeireiros, pelo esvaziamento das condições de trabalho, exemplificado pelo corte no adicional de periculosidade, jornadas exaustivas sem pagamento de horas extras e diárias insuficientes para o custeio das atividades de trabalho, obrigando muitas vezes o servidor a pagar do próprio bolso para trabalhar".
Como servidores públicos, declaramos que jamais compactuaremos com o genocídio e violência contra os indígenas, decorrente dessa gestão ambiental e territorial desastrosa e reafirmamos o nosso compromisso com a sociedade em proteger e promover o uso sustentável dos nossos recursos naturais, ao passo que exigimos da administração do Ibama, do ICMBio e do Ministério do Meio Ambiente a resolução dos problemas gerenciais relacionados à carreira de especialista em meio ambiente, pois somente com a carreira fortalecida é possível fazer frente ao crime ambiental de forma eficiente Trecho de nota divulgada pela Ascema
O UOL procurou o Ibama, o ICMBio e o Ministério do Meio Ambiente a respeito do comunicado divulgado pela associação e aguarda retorno.
A nota foi divulgada em meio às notícias recentes envolvendo a Terra Indígena Ianomâmi. Um relatório da Hay (Hutukara Associação Yanomami) mostra que só de 2020 para 2021, o garimpo ilegal avançou 46% na área.
A Terra Indígena Ianomâmi é a maior reserva do país, com cerca de 10 milhões de hectares nos estados de Roraima e Amazonas e população de cerca de 29 mil indígenas, com 371 comunidades e seis tribos isoladas.
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