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PM diz que há migração de criminosos ao Rio e culpa STF por restringir ação

Policiais na Vila Cruzeiro, após operação que terminou com 22 mortos e sete feridos - JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Policiais na Vila Cruzeiro, após operação que terminou com 22 mortos e sete feridos Imagem: JOSE LUCENA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

24/05/2022 13h34Atualizada em 24/05/2022 18h39

A Polícia Militar do Rio de Janeiro afirmou hoje - horas após operação na Vila Cruzeiro com 22 mortos e sete feridos - que constatou aumento de lideranças criminosas de outros estados em comunidades do Rio. Para o coronel Luiz Henrique Marinho, a migração está relacionada à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que limita as operações policiais em comunidade no estado.

"A gente começa a perceber essa movimentação, essa tendência de ligação com o Rio de Janeiro a partir da decisão do STF. Isso vem se acentuando nos últimos meses e essa tendência, esses esconderijos nas nossas comunidades são fruto da decisão do STF. A gente está estudando isso, mas provavelmente é fruto dessa decisão que limitou as ações das forças policiais do estado na comunidade", avaliou o coronel em coletiva de imprensa.

A Polícia Militar salientou que a ação policial vinha sendo planejada há meses e ocorreu para impedir a movimentação de um grupo de criminosos para a Rocinha, comunidade de São Conrado, zona sul da cidade.

De acordo com o coronel Luiz Henrique Marinho, havia a suspeita de que o grupo praticasse alguma invasão a outra comunidade.

"Nesta madrugada, identificamos grande movimentação de elementos que controlam essa e outras localidades. Provavelmente essa movimentação seria para invasão a outra comunidade", disse o coronel. De acordo com ele, as informações sobre a movimentação foram passadas por órgãos de inteligência.

Apesar do planejamento, a PM informou que a "ação foi emergencial e que não tinha como objetivo cumprir mandados de prisão", disse comandante do Bope, Uirá do Nascimento Ferreira.

Segundo a PM, a operação desta manhã visava surpreender mais de 50 criminosos que iriam iniciar o deslocamento entre as favelas. Entre eles, estariam lideranças de outros estados do país que tem nos últimos meses se abrigado em comunidades do Rio.

"Aquela facção criminosa [CV] costuma fazer invasões em outras áreas, tínhamos o indicativo que essa quadrilha se deslocaria pela cidade e nós prontamente agimos no terreno. Carros em série, motos que funcionavam como batedores. Esses criminosos encontrariam outro grupo para alguma ação criminosa", afirmou o comandante do Bope.

Ele disse ainda que as forças de segurança foram recebidas por criminosos fortemente armados. "Área com muito barricada, tivemos dificuldade de avançar no terreno, todas as áreas foram bloqueadas com barricadas difíceis de serem retiradas. Os criminosos responderam com muita violência e foram neutralizados."

Inicialmente, a Polícia Militar e o Hospital Estadual Getúlio Vargas informaram que 11 pessoas morreram durante a ação policial. Porém, ao longo da tarde, o número foi atualizado para 22. O número de feridos também foi revisado para sete - entre eles, um policial civil baleado no rosto.

Pela manhã, quando o número de mortos era de 11 mortos, a PM disse que entre as vítimas mortas na operação estava uma moradora do Complexo da Penha e outras dez pessoas que seriam suspeitas de atividade criminosa, mas não tiveram a identidade revelada.

A corporação lamentou o ocorrido e informou que a área onde a moradora foi atingida não sofreu incursão das forças de segurança. Ela foi baleada dentro de casa.

"As equipes entraram pela Vila Cruzeiro. Atuamos de forma necessária para cessar toda agressão", defendeu o comandante do Bope.

Moradores relataram nas redes sociais que o intenso confronto na região começou por volta de 4h. Dezenove escolas municipais não abriram em decorrência do confronto na localidade. Segundo a PM, o helicóptero da corporação foi atingido por três disparos durante a ação. A situação continua tensa na área. No fim da manhã, houve novo tiroteio e mais três pessoas ficaram feridas.

Ainda de acordo com a polícia, houve apreensão de 13 fuzis, quatro pistolas e 12 granadas, além de drogas, dez carros e 20 motos. Apenas na localidade conhecida como Vacaria, 16 veículos —dez motocicletas e seis carros— que teriam sido usados por criminosos em fuga foram apreendidos.