Topo

Pode ou não pode levar pet no casamento? O que pensa a Igreja sobre o tema

O cão Scooby, resgatado pelo casal após ser atropelado, foi o pajem do casamento - Arquivo Pessoal
O cão Scooby, resgatado pelo casal após ser atropelado, foi o pajem do casamento Imagem: Arquivo Pessoal

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL

27/05/2022 04h00

Os pajens caninos são cada vez mais comuns na cerimônia, então causou surpresa quando um padre se recusou a dar a benção final de um casamento após dois cachorros entrarem na igreja levando as alianças. Se você também planejava algo assim ou sempre se emocionou com a entrada triunfal dos pets, deve ter pensado: mas, é proibido?

A própria Diocese de Crato, que responde pela igreja em Nova Olinda (CE), onde aconteceu o incidente, afirmou que não há nenhum documento que estabeleça regras sobre a participação de animais em casamentos. "Não há propriamente dito um documento da igreja com esse tipo de orientação", disse a assessoria de imprensa ao UOL.

A reportagem consultou oito arquidioceses pelo país e descobriu que não há um consenso ou uma regra maior que valha para todas as igrejas.

Em São Paulo e Porto Alegre, a permanência dos animais de estimação é proibida, enquanto em Belo Horizonte não há uma norma clara. Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e Salvador não responderam —o texto será atualizado quando chegar a informação.

Veja abaixo o que elas dizem:

Belo Horizonte

Em nota, a arquidiocese reconheceu que a presença de animais de estimação no convívio familiar é um "fenômeno contemporâneo" que "requer mais aprofundamentos dos diferentes campos do saber e, igualmente, da Igreja, defensora de toda a criação de Deus".

A arquidiocese salientou que em celebrações litúrgicas, como casamentos, são "necessárias reflexões e discernimentos, envolvendo padres, diáconos e famílias, para que prevaleça o bom senso". Porém, não é recomendável a humanização dos pets.

"Um processo que precisa considerar a singularidade dos sacramentos: são celebrações da fé, envolvendo pessoas —cada uma é protagonista e tem o seu papel. Pode-se e deve-se ter amor pelos animais, mas não é recomendável humanizá-los, atribuindo-lhes características e responsabilidades essencialmente humanas, da mesma forma que não é aceitável a animalização do ser humano que, sendo dotado de fé e razão, é responsável por cuidar de toda a criação de Deus."

Como a resposta não deixa claro se é permitida ou não a presença de animais de estimação nesse tipo de cerimônia, o UOL pediu o esclarecimento, porém, não teve ainda retorno.

Porto Alegre

Já a arquidiocese de Porto Alegre, que abrange 29 municípios gaúchos, ressaltou que não é permitida a presença de animais no interior da igreja.

"Não temos conhecimento de qualquer pedido neste sentido em nossa Arquidiocese para a presença de animais durante casamentos", disse a congregação em nota ao UOL.

São Paulo

A arquidiocese de São Paulo também afirmou que "as normas litúrgicas da Igreja Católica, de caráter universal, não preveem nem permitem a participação de animais nos ritos dos sacramentos".

Mas, recomendou que os noivos "sempre procurem os sacerdotes responsáveis pelas paróquias onde desejam celebrar o matrimônio para esclarecerem suas dúvidas a respeito das celebrações e sobre o significado do sacramento que irão celebrar", complementou a nota.

Vitória

A arquidiocese de Vitória (ES) afirmou que tem orientações para a celebração do matrimônio em um livro chamado de "Direito Particular", mas não há norma específica para os pets em casamentos.

Entretanto, a congregação cita uma norma que proíbe "inovações" nas celebrações.

Segundo a regra, não é permitido o "uso de 'plaquinhas' com frases desconectadas e outras inovações que contrariem a natureza e desvirtuem o sentido da celebração do Sacramento do Matrimônio —ficando a definição sob análise da equipe pré-matrimonial."