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Marinha vai usar helicóptero, moto aquática e 2 embarcações em busca no AM

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira  - Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai
O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira Imagem: Foto@domphillips no Twitter e Bruno Jorge/ Funai

Do UOL, em São Paulo

06/06/2022 22h02

A Marinha irá enviar amanhã (7) um helicóptero, duas embarcações e uma moto aquática para procurar pelo indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), e pelo jornalista britânico Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian. Os dois estão desaparecidos desde o domingo (5) no Vale do Javari, na Amazônia (AM).

A previsão é de que os reforços comecem a atuar ainda de manhã. A Marinha informou ter enviado ao local, às 11h40 de hoje, uma equipe com sete militares e uma lancha para iniciar as buscas. As ações tiveram início à tarde nos rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do Amazonas.

De acordo com o MPF, (Ministério Público Federal), que abriu investigação do caso, as buscas ficarão sob responsabilidade do Comando de Operações Navais da Marinha. Nas redes sociais, o Ministério da Justiça e Segurança Pública publicou que também auxiliará nas buscas.

O governo do Amazonas anunciou ter montado uma força-tarefa para apoiar as buscas. Segundo a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), Bruno vinha sendo alvo de ameaças de garimpeiros, madeireiros e pescadores.

Ameaças

A antropóloga Beatriz de Almeida Matos, companheira do indigenista, disse à Folha de S.Paulo que estava preocupada com as ameaças sofridas por Bruno. "Eu conheço bem a região, sei que podem acontecer vários acidentes. Mas estou apreensiva por causa das ameaças que ele sofria", afirmou ela, que também atuou com povos indígenas.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um crescimento de 9,2% na violência letal entre 2018 e 2020 em cidades de Floresta na região Norte do país. O desaparecimento, de acordo com o Fórum, "expõe a fragilidade das ações de fiscalização e segurança na Amazônia".

Em carta reproduzida pelo jornal O Globo, pescadores prometeram "acertar contas" com o indigenista.

"Aquela região tem questões envolvendo o narcotráfico, a atividade de madeireira, de pesca ilegal e garimpo. E a organização indígena está nesse enfrentamento contra a invasão das terras", disse Fabio Ribeiro, coordenador-executivo do OPI (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato).

Desapareceram pela manhã

Bruno Pereira e Dom Phillips foram vistos pela última vez por volta das 7h de ontem em um barco após saírem da comunidade Ribeirinha São Rafael, segundo nota em conjunto entre Univaja e OPI.

De lá, partiriam para a cidade de Atalaia do Norte, onde eram aguardados por duas pessoas ligadas à Univaja. Após um atraso de mais de duas horas, começaram as buscas, informaram as entidades indígenas.

"Essas duas pessoas ficaram esperando em uma balsa por mais de duas horas. Depois, tentaram localizá-los. Por volta das 16h, acionamos os órgãos de segurança para notificar o desaparecimento", informou Paulo Barbosa da Silva, coordenador-geral da Univaja.

As entidades indígenas informaram que Bruno Pereira e Dom Phillips se deslocaram inicialmente para visitar uma equipe de vigilância indígena próximo à localidade chamada Lago do Jaburu, nas imediações da base da Funai no Rio Ituí, para que o jornalista conversasse com indígenas no local.

As entrevistas, segundo as entidades, foram feitas na última sexta-feira (3). No retorno, ainda de acordo com a entidade, a dupla foi à comunidade São Rafael, onde Bruno Pereira tinha reunião agendada com o líder comunitário conhecido como "Churrasco" para consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na região, afetada pela ação de invasores.

Ainda segundo as entidades indígenas, Bruno se reuniu com a esposa do líder comunitário, já que ele não estava no local. De lá, partiu em uma embarcação com o jornalista britânico Dom Phillips para Atalaia do Norte. Contudo, a dupla desapareceu antes de chegar ao destino combinado.