Bonde dos anfíbios: o que explica a foto viral de 9 sapos 'abraçados'?
Uma cena inusitada de sapos enfileirados chamou atenção das redes sociais nas últimas semanas. Compartilhado pelo perfil no Twitter chamado "Rolê Aleatório", os anfíbios aparecem "agarradinhos" um ao outro. O autor da publicação ainda brincou, afirmando que aquela seria uma cena da "Farofa da GKay", festa da influenciadora digital Gessica Kayane que ficou conhecida pela "pegação" entre famosos.
Shiva Pires, divulgador científico de anfíbios, buscou explicar a cena para tuiteiros de plantão. Em publicação, ele antecipa não saber se a imagem é real — e que não é possível dar um detalhe exato do que aconteceu.
"Se essa imagem for real mesmo, provavelmente um macho que já estava amplexando [copulando] com uma fêmea foi confundido com uma fêmea, aí depois esse macho foi confundido também e assim por diante, até formar esse trenzinho", disse ele.
A imagem, cuja origem ainda é desconhecida, já foi compartilhada por usuários de diversos países nas redes sociais. O UOL procurou um especialista para explicar se a cena pode ser real — e confirmar a hipótese de Shiva.
Geraldo Moura, psicanalista, biólogo, professor e pesquisador da UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco), afirma que a imagem pode ser, sim, real.
"Existem algumas espécies de anfíbios anuros, que correspondem aos sapos, rãs, pererecas, que têm o que a gente chama de reprodução explosiva. São animais que em apenas um dia ou em pouquíssimos dias no ano, se reproduzem. E esse é o único e exclusivo momento em que ele consegue se reproduzir. Por essa ocasião, visando maximizar as chances de sucesso reprodutivo, vários machos e várias fêmeas se reúnem para o amplexo [o abraço agarrado]."
Moura diz que é durante esse "abraço" que as fêmeas eliminam os óvulos e os machos ejaculam espermatozoides, formando uma grande mistura, com maior potencial para fecundações. "Isso é um fato que é característica dessa espécie", explica ele.
No entanto, o "bonde dos anfíbios", também pode ser explicado por relações químicas derivadas do corpo da fêmea. Segundo ele, a fêmea libera no ambiente cheiros e indicativos químicos corporais de que estão em período reprodutivo, o que atrai outros machos.
"Os outros machos são sensibilizados por isso e se agregam ao grupo", explica. "Porém, por eles estarem muito juntos, não se dão conta que a primeira que é a fêmea. Os machos vão se agregando ali e formam esse conjunto enfileirado de animais."
No entanto, a explicação exata do motivo deles estarem um atrás do outro não pode ser definida. "Existe uma dúvida muito grande se eles estão aderidos ali no primeiro macho que está agregado na fêmea por uma confusão ou escolha de maximizar a reprodução e passar os seus genes adiante. A gente não tem resposta, mas existem essas duas possibilidades de se agregar ali por engano ou voluntariamente", afirma o biólogo.
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