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Bruno e Dom faziam o trabalho que o Estado não faz, diz ecólogo

Colaboração para o UOL

13/06/2022 19h14

Em entrevista ao UOL News na noite desta segunda-feira (13), o ecólogo e assessor do CTI (Centro de Trabalho Indigenista), Hilton Nascimento, repercutiu o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, que foram vistos pela última vez no dia 5 de junho.

Nascimento explicou que o Vale do Javari, na Amazônia, onde os dois desapareceram, é uma região cercada de conflitos. "Enquanto a terra indígena não era demarcada, o histórico de violência contra os povos indígenas sempre foi muito forte. Mas no governo de [Michel] Temer começa um processo de sucateamento da Funai [Fundação Nacional do Índio] e das ações de fiscalização", disse.

Segundo ele, esse histórico de violência acontece, principalmente, por conta do consumo de pirarucu e da carne de caça, por exemplo, e que podem ser relacionados com o narcotráfico.

"Não é uma briga pessoal [com Bruno e Dom]. Envolve o crime organizado e uma série de ações ligadas ao comércio desses recursos naturais da terra indígena. Os dois estavam trabalhando lá para fazer aquilo que o Estado não faz", afirmou.

Ainda na avaliação do especialista, o sumiço da dupla manda um sinal claro para todas as máfias, sejam elas ligadas ao narcotráfico ou que operam com a venda de recursos naturais, de que entrar na região está cada vez "mais fácil".

Em entrevista à rádio CBN Recife, o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que indícios levam a crer que será difícil encontrar o jornalista e o indigenista com vida. Segundo ele, vísceras humanas encontradas nas buscas foram levadas para exames de DNA em Brasília.

"Estou acompanhando [as buscas dos corpos do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira]. Agora, os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Foram encontradas vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para se fazer o DNA. E, pelo tempo, já temos aqui oito dias, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Eu peço a Deus que os encontrem com vida, mas os indícios levam para o contrário no momento", falou o mandatário.