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Entidade rebate Funai e diz que Bruno tinha licença ao entrar em reserva

O indigenista Bruno Araújo Pereira esteve em expedição pela Amazônia antes de se encontrar com o jornalista inglês Dom Phillips - Arquivo pessoal
O indigenista Bruno Araújo Pereira esteve em expedição pela Amazônia antes de se encontrar com o jornalista inglês Dom Phillips Imagem: Arquivo pessoal

Herculano Barreto Filho

Do UOL, em São Paulo

13/06/2022 14h36Atualizada em 13/06/2022 20h00

A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) rebateu hoje a Funai (Fundação Nacional do Índio) e disse que Bruno Araújo Pereira tinha licença para entrar em território indígena antes do desaparecimento na Amazônia no dia 5 deste mês com o jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian.

Segundo a entidade, Bruno saiu da terra indígena para se encontrar com Dom Phillips antes do fim do prazo, que expirou em 30 de maio. Na última sexta-feira (10), a Funai disse que acionará o Ministério Público Federal para apurar "possível aproximação" com povos indígenas sem autorização prévia do órgão.

O UOL procurou a Funai hoje, mas o órgão não se manifestou até a publicação deste texto.

A família do jornalista britânico informou hoje que dois corpos foram encontrados no Vale do Javari e que serão periciados para confirmar se são de Bruno e Dom. Em nota, a Polícia Federal não confirmou a informação. As buscas continuam na região.

Segundo a Univaja, Bruno se encontrou com Dom Phillips em Atalaia do Norte (AM) no dia 31 de maio já fora dos limites da terra indígena. Depois disso, disse a entidade, o percurso da dupla ao lago Jaburu também foi feito sem o ingresso em território protegido.

Onde o indigenista e o jornalista desapareceram - Arte/UOL - Arte/UOL
Imagem: Arte/UOL

A entidade também rebateu a informação da Funai de que não notificou o órgão sobre o ingresso de Dom Phillips. "De fato, na autorização de ingresso em terra indígena concedida pela Funai a Bruno Pereira não há menção ao Sr. Phillips, pois ele não ingressou nem intencionava adentrar nos limites da Terra Indígena Vale do Javari", explicou.

Segundo a Funai, Bruno e Dom não adotaram os protocolos sanitários de prevenção contra a covid-19. A Univaja contesta: "Não há qualquer normativa que obrigue ou determine que a Funai deve ser avisada quanto ao trânsito de pessoas fora dos limites das terras indígenas".

Quanto à afirmação relacionada à aproximação dupla de indígenas de recente contato, a Univaja disse que "não cabe à Funai controlar ou monitorar o que nós, indígenas, fazemos fora das nossas terras". "Esse tipo de afirmação reflete práticas de racismo institucional que devemos extinguir de nossas práticas administrativas".

Vísceras humanas achadas nas buscas, diz Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que indícios levam a crer que será difícil encontrar o jornalista e o indigenista com vida. Segundo ele, vísceras humanas encontradas nas buscas foram levadas para exames de DNA em Brasília.

"Estou acompanhando [as buscas dos corpos]. Agora, os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles. Foram encontradas vísceras humanas, que já estão aqui em Brasília para se fazer o DNA", disse, em entrevista à rádio CBN Recife.

"E, pelo tempo, já temos aqui oito dias, vai ser muito difícil encontrá-los com vida. Eu peço a Deus que os encontrem com vida, mas os indícios levam para o contrário no momento", acrescentou.

Ontem, a PF informou que mergulhadores encontraram pertences de Dom e Bruno, incluindo uma mochila e um documento.

Amarildo da Costa Oliveira, chamado de "Pelado", foi preso em flagrante na última terça (7), por posse de drogas e de munição de uso restrito. Ele é suspeito de envolvimento no sumiço. A defesa de Amarildo nega envolvimento dele com o desaparecimento.