Henry: Jairinho fala em 'apagão' e diverge de Monique sobre noite da morte
As versões do ex-vereador Jairo Souza Santos, o Dr. Jairinho, e da professora Monique Medeiros divergem sobre quem encontrou Henry Borel no chão do quarto do casal no apartamento onde moravam na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.
O padrasto do menino disse hoje em audiência na 2ª Vara Criminal do Rio não ter ouvido qualquer barulho vindo do quarto e que ele foi acordado pela mãe de Henry para socorrê-lo. Já Monique relatou em interrogatório, em 9 de fevereiro, que estava dormindo quando foi avisada por Jairinho que o filho tinha "caído da cama" no quarto ao lado.
Mais magro, Jairinho disse à juíza Elizabeth Louro ter sido acordado por Monique, mas não soube dizer de que forma isso se deu —se a professora gritou por ele ou o sacudiu. Ele atribui a falta de memória a um medicamento que toma todas as noites. Segundo Jairinho, o remédio foi receitado quando ele manifestou síndrome do pânico após o pai dele sofrer um problema cardíaco.
Jairinho fala que "apagou" por volta das 2h após ter tomado o remédio —ele estima que por volta da 1h30. O ex-vereador confirmou ter mandado naquela madrugada uma mensagem por WhatsApp a uma ex-namorada, o que ocorreu à 1h47.
Já de acordo com Monique, ela tomou dois comprimidos para dormir e foi acordada por Jairinho por volta das 3h30. Ao chegar no quarto, encontrou o filho descoberto, com mãos e pés gelados e "olhando para o nada", com a boca entreaberta.
A pedagoga diz que estranhou encontrar o filho descoberto, porque ele gostava de dormir com ar-condicionado em baixa temperatura e enrolado em um edredom. Neste momento, Jairinho foi ao banheiro, urinou e voltou dizendo que era preciso ir ao hospital.
As imagens do elevador do prédio mostram Monique e Jairinho saindo com Henry às 4h09, quando a criança foi levada ao hospital Barra D'Or.
À polícia, uma das médicas declarou ter ouvido do casal que eles escutaram um barulho no quarto e dirigiram-se até o cômodo para ver o que havia acontecido.
Em seu depoimento, Jairinho enfatizou que Henry não tinha marcas de violência quando deu entrada no hospital —no entanto, médicas que tentaram reanimar a criança em parada cardiorrespiratória relataram à polícia lesões em Henry.
"Não tem contexto nenhum de violência. Eu estou sendo injustiçado, como eu daria entrada com uma criança machucada no hospital e as pessoas não iam perceber nada?", questionou o ex-vereador na audiência. Monique também refutou que Henry tivesse hematomas no corpo.
Durante o depoimento, Jairinho minimizou o fato de ter procurado um diretor do hospital para que a liberação do corpo fosse agilizada, sem que passasse por exame do IML (Instituto Médico Legal).
"Eu sou acusado de ligar a um diretor do hospital que se chama Pablo [dos Santos Meneses, conselheiro do Instituto D'Or]. Ligo pro Pablo para dizer se ele poderia me ajudar pra agilizar o óbito, e isso foi visto como algo criminoso, simplesmente pedi pra ele agilizar o óbito."
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