Bruno e Dom: Marinha e bombeiros localizam embarcação usada pelas vítimas
O Corpo de Bombeiros e militares da Marinha encontraram na noite de hoje, por volta das 20h20 (horário local), a 20 metros de profundidade, a lancha usada pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro e servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio) Bruno Pereira antes do desaparecimento da dupla no início deste mês no Vale do Javari, no Amazonas.
A informação foi confirmada pela PF-AM (Polícia Federal do Amazonas), através do seu Comitê de Crise, e pela SSP (Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas) ao UOL.
"A embarcação será submetida nos próximos dias aos exames periciais necessários, de modo a contribuir com a completa elucidação dos fatos", informou a PF-AM em nota.
Bruno e Dom: Embarcação usada pelas vítimas é encontrada; veja
Ao UOL, a SSP-AM esclareceu que, além do Corpo de Bombeiros e militares da Marinha, a pasta também atuou em conjunto com a Polícia Civil e Militar do Amazonas para encontrar a embarcação. A lancha foi achada a 20 metros de profundidade e "emborcada com seis sacos de areia para dificultar a flutuação, a uma distância de 30 metros da margem direita do rio Itacoaí, nas proximidades da comunidade Cachoeira".
O local onde a lancha foi encontrada foi indicado por Jeferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", que se entregou à polícia na manhã de ontem. Na tarde de ontem, Jeferson da Silva Lima teve sua prisão temporária pela juíza Jacinta Silva dos Santos, do Tribunal de Justiça do Amazonas. A prisão tem validade de 30 dias, renováveis por mais 30, e foi decretada após a audiência de custódia, que durou 1h20.
De acordo com o delegado Alex Peres, titular da 50ª DIP (Delegacia Interativa de Polícia) de Atalaia do Norte, foram necessárias quase cinco horas de operação.
"Além do casco da lancha, também foram encontrados um motor Yamaha 40 hp, 4 tambores que eram de propriedade do Bruno, sendo 3 em terra firme e 1 submerso", informou a SSP-AM ao UOL.
PF suspeita de oito pessoas
Hoje, a PF disse que subiu para oito o número de suspeitos investigados pelas mortes de Bruno e Dom, que ocorreram no início deste mês. Segundo a autoridade, foram identificados mais cinco homens que teriam ajudado a enterrar os corpos da dupla, mas os nomes deles ainda não foram revelados.
Até o momento, três suspeitos foram detidos pela polícia. O primeiro é Amarildo, conhecido como "Pelado", que foi preso em flagrante no dia 7, por porte de munição de uso restrito. Depois, ele confessou envolvimento nas mortes e deu detalhes da dinâmica do crime envolvendo Bruno e Dom.
O segundo suspeito preso é o pescador Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo e conhecido como "Dos Santos", preso no dia 14. Ele negou ter participado do crime.
Já o terceiro, Jeferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha", se entregou para as autoridades por volta de 6h de ontem, após saber pela própria família que a polícia o procurava. Ele é apontado como alguém que participou diretamente do duplo homicídio e ajudou na ocultação dos corpos.
A PF descarta que exista um mandante ou uma organização criminosa por trás das mortes, o que é refutado pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), que aponta "crime político" e pede a continuidade das investigações. "As autoridades competentes, responsáveis pela proteção territorial e de nossas vidas, têm ignorado nossas denúncias, minimizando os danos, mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips", diz a entidade.
Quem são as vítimas?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Bruno, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.
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