Perícia da PF confirma que restos humanos encontrados são de Dom e Bruno
Colaboração para o UOL, em Maceió
22/06/2022 19h14
O Comitê de Crise coordenado pela PF (Polícia Federal) do Amazonas confirmou, hoje, que os restos humanos encontrados no Vale do Javari são do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo, que foram assassinados por criminosos da região no começo do mês.
Segundo a PF, os exames periciais de genética forense analisaram as amostras biológicas encontradas durante as investigações, e os resultados estão em consonância com as análises de odontologia legal que apontaram tratar-se dos remanescentes de Dom e Bruno. Agora, os peritos do Instituto Nacional de Criminalística deverão dar continuidade pelos próximos dias para que sejam analisados vestígios diversos do caso.
Os corpos de Dom Phillips e Bruno Pereira serão entregues às famílias amanhã, com previsão de decolagem do aeroporto de Brasília às 14h.
Dom e Bruno foram mortos por armas de caça
Na semana passada, uma perícia da Polícia Federal revelou que Dom Phillips e Bruno Pereira foram mortos com tiros disparados por armas de caça. O indigenista foi atingido por três disparos, enquanto Dom foi assassinado com um tiro.
Até o momento, três pessoas foram presas suspeitos de participação no crime: Amarildo Oliveira, conhecido como Pelado, o irmão dele, Oseney Oliveira, o Dos Santos, e Jefferson da Silva Lima, o Pelado da Dinha. No total, a PF aponta oito pessoas como suspeitas de participação no caso.
Em um novo depoimento aos investigadores, Amarildo voltou atrás e alegou que, ao contrário do que havia dito anteriormente, ele não participou dos assassinatos das vítimas, apenas foi o responsável por ocultar os corpos.
Em relato durante a reconstituição do dia do crime, Amarildo admitiu ter jogado os corpos em uma parte da mata do Vale do Javari, esquartejado e ateado fogo. Agora ele nega essa versão.
Quem são as vítimas?
Dom era correspondente do jornal The Guardian. Britânico, ele veio para o Brasil em 2007 e viajava frequentemente para a Amazônia para relatar a crise ambiental e suas consequências para as comunidades indígenas e suas terras.
O jornalista conheceu Bruno em 2018, durante uma reportagem para o Guardian. A dupla fazia parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, uma das maiores concentrações de indígenas isolados do mundo. O interesse em comum aproximou a dupla.
Bruno, servidor licenciado da Funai (Fundação Nacional do Índio), era conhecido como um defensor dos povos indígenas e atuante na fiscalização de invasores, como garimpeiros, pescadores e madeireiros. Em entrevista ao UOL, o líder indígena Manoel Chorimpa afirmou que o indigenista estava preocupado com as ameaças de morte que vinha sofrendo.