Professora presa por falas racistas sobre tatuagens é afastada de faculdade
A professora de design de moda que chegou a ser presa depois de fazer declarações de cunho racista durante uma aula em Vitória (ES) foi afastada das funções na tarde de hoje, pela diretoria acadêmica da faculdade particular.
A mestre em educação e cultura Juliana Zucculotto, 61, foi comunicada pela instituição que suas atividades estariam suspensas temporariamente. Por meio de uma nota, o Centro Universitário Faesa informou que iniciou uma apuração dos fatos assim que tomou conhecimento do ocorrido.
"A professora está afastada de suas atividades e um processo administrativo já está em andamento, com a celeridade necessária, para que todas as providências sejam tomadas" afirmou a Faesa em nota enviada ao UOL.
O texto ainda frisou a informação de que a faculdade "repudia todo e qualquer ato ou manifestação discriminatória e preconceituosa. Qualquer manifestação contrária a esse posicionamento é ato individual, isolado, e não condiz com a política da instituição" finalizou.
A reportagem do UOL tentou contato durante toda esta quinta-feira (23), mas aluna que a denunciou, Carolina Bittencourt, e professora não atenderam ligações e não responderam às mensagens.
Segundo o boletim de ocorrência da denúncia, Juliana teria feito críticas às tatuagens da estudante, na manhã de ontem, dizendo que são "coisas de presidiários" e as relacionando à escravidão e à cor da pele de uma aluna negra. A estudante relatou episódio nas redes sociais e denunciou a professora.
Um trecho da ocorrência narra a situação dizendo que a professora teria dito: "eu jamais usaria tatuagem. Tatuagem em pele negra parece ficar encardida. Eu nunca vou ter tatuagem, pois tatuagem é coisa de escravo porque tem marcas e eu não sou escrava para ter marcas", finaliza o documento.
A declaração foi presenciada por mais de 20 alunos em sala de aula. A professora foi detida pela Polícia Civil e autuada por injúria racial, mas pagou fiança e foi liberada para responder à denúncia em liberdade.
"Falta de respeito é absurda"
Após as declarações racistas na sala de aula, a professora Juliana Zocculotto afirmou aos policiais que apenas havia sido "mal interpretada pela aluna". Porém, a coordenadora do movimento negro Unificado no Espírito Santo, Vanda Vieira, acredita que o comentário foi proposital.
Não existe essa de comentário infeliz. Ela só disse o que achava, um pensamento racista. Quando você não é racista, você não faz esse tipo de comentário. É inaceitável isso, essa falta de respeito é absurda, ainda mais vindo de uma professora. Esse tipo de postura esconde um discurso de ódio.
Ela acredita ainda que a fala representa o medo da professora em perder espaço para um negro na sala de aula. "Ela deixa claro que não aceita que um negro possa ser inteligente, possa dar uma explicação melhor do que a dela", disse Vanda.
O Movimento Negro se colocou à disposição da aluna para dar apoio em ações judicias contra a profissional de educação.
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