Ouro ilegal movimentou R$ 16 bilhões em dois anos; 5 são presos pela PF
A PF (Polícia Federal) realizou uma megaoperação na última quinta-feira (7) que prendeu cinco pessoas relacionadas à extração e ao comércio ilegais de ouro no Brasil. Foram cumpridos 60 mandados de busca e apreensão. Os detalhes da operação foram mostrados pelo Fantástico, programa da TV Globo.
As investigações mostraram que a atividade garantia uma vida de luxo aos donos do negócio. O grupo chegou a movimentar R$ 16 bilhões em dois anos. Os presos são acusados de usurpação de bens da união, organização criminosa, lavagem de dinheiro, crime ambiental e grilagem de terra pública.
O esquema começou a ser investigado quando a PF descobriu, em Jundiaí (SP), uma pista de pouso que atendia ao tráfico de drogas, mas os aviões também traziam ouro. No aeroporto, a polícia apreendeu 39 quilos de ouro em barras.
Ao tentar recuperar o material, a empresa Gana Gold apresentou notas e alegou que o ouro havia sido extraído de forma regular. Mas, uma perícia da PF provou que tudo era irregular.
Além de informações específicas sobre o ouro, a polícia identificou que o material era extraído de áreas de proteção ambiental em Itaituba, no Pará, por meio de licenças para pesquisa — que permitiria apenas a abertura de pequenos buracos no chão.
De acordo com a reportagem, a empresa destruiu o equivalente a 212 campos de futebol desde 2019. A perícia calculou que os danos ambientais chegam a quase R$ 300 milhões.
A PF calculou que a empresa produziu 906 quilos de ouro, mas documentos mostraram que, na verdade, foram comercializadas quase 4 toneladas do material. A partir disso, as investigações descobriram que o material vinha também de produção ilegal, fora da área para a qual dizia ter licença.
A Polícia Federal também investiga se funcionários da ANM (Agência Nacional de Mineração) estão envolvidos no caso. Há indicativos de corrupção e cooptação pelo crime. Procurada pelo Fantástico, a agência apenas informou que não foi oficiada após a operação realizada na quinta-feira.
Procurados pela reportagem da Globo, os advogados dos homens presos encaminharam as cópias das licenças obtidas pela empresa, os mesmos documentos periciados pela PF. Para a defesa, houve um equívoco da prefeitura de Itaituba na concessão dos registros, e a Gana Gold foi "vítima de um erro do poder público".
Empresas envolvidas
A polícia explicou que uma empresa de transportes de Parada de Lucas, na Zona Norte do Rio de Janeiro, era financiadora dos recursos. A empresa, que tem uma frota de mais de 600 caminhões e máquinas pesadas, é de um homem que seria o real comandante da Gana Gold, além de ser o financiador principal.
Em Roraima, a suspeita de fraude na licitação para fornecimento de ambulâncias e UTIs móveis para o governo do estado também levou à relação com o garimpo ilegal. As donas da empresa, são duas enfermeiras — mas o marido de uma delas, que administrava o negócio, tinha também uma empresa de táxi aéreo e uma rede de padarias em nome de laranjas.
As contas bancárias controladas por ele faziam depósitos e saques milionários. Por não ter mais como explicar os valores, os empresários passaram a diversificar os negócios.
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