Paciente diz que assistente de cirurgião preso no Rio se passava por médica
Uma paciente denunciou que a técnica de enfermagem Kellen Cristina dos Santos, que trabalhava como assistente do cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, preso no Rio por suspeita de manter uma paciente em cárcere privado, se passava por médica. Kellen é técnica de enfermagem, mas o registro dela está vencido no Conselho Regional de Enfermagem. As informações são do Fantástico, da Rede Globo.
Em depoimento à polícia, Kellen disse que atuava ao lado de Bolívar "ajudando com suporte técnico durante as operações, além de ajudar na captação de pacientes/clientes".
Apesar da declaração, imagens compartilhadas nas redes sociais mostram ela parecendo operar os pacientes no centro cirúrgico. Em uma foto publicada no Instagram, em que Kellen aparece ao lado de Bolívar, a legenda diz: "É sempre um prazer operar ao seu lado".
A denunciante diz que, em janeiro, marcou uma cirurgia para colocar silicone com Bolívar, no Hospital Santa Branca, mas quem assumiu as negociações foi Kellen, que inclusive passou os valores do procedimento.
Em uma conversa por WhatsApp com a paciente, Kellen escreveu: "Masto [mastopexia] com prótese Como (sic) cobro 15 mil".
"Ela nunca falou para mim que era uma técnica de enfermagem ou que ela era auxiliar do Bolívar. Não. Ela se passava como se fosse doutora", disse a paciente à emissora.
Depois da cirurgia, a paciente perguntou à Kellen se seria normal "um peito ficar mais embaixo que o outro" e se "com o tempo ele vai se ajeitando". Kellen não respondeu ao questionamento e escreveu: "Você está causando com esses seios por onde passarem. Vamos benzer (emojis de mãos rezando)".
Após ser ignorada pela assistente, a paciente foi ao Hospital Santa Branca, onde Bolívar trabalhava, para retirar o dreno dos seios. Na sequência, Kellen enviou um áudio para a prima da paciente.
"Foi lá pro consultório do Bolívar, então agora ela é paciente dele, ela não é mais minha. Não quero mais assunto com ela. Ela é uma traíra. Ela é perigosa. Ela foi tirar o ponto com ele também, ela vai se cuidar com ele. Tô fora. Ela me traiu!"
A paciente contou que processou Kellen, Bolívar e o Hospital Santa Branca.
"Não entra na minha cabeça que o hospital não sabe que ela não era médica, não entra na minha cabeça. O hospital falar que ela era uma técnica de enfermagem sendo que todo mundo conhecia ela lá dentro como médica, doutora Kellen."
A reportagem não encontrou nenhuma forma de entrar em contato com Kellen, mas o espaço segue aberto para o posicionamento.
Entenda o caso
O cirurgião plástico equatoriano Bolívar Guerrero Silva, de 63 anos, foi preso pela Polícia Civil do Rio sob a acusação de manter uma paciente em cárcere privado dentro de um hospital particular em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A vítima, Daiana Chaves Cavalcanti, de 35 anos, diz que estava sendo mantida contra a vontade no local nos últimos dois meses, o que é negado pelo médico e pelo Hospital Santa Branca.
Segundo a família da paciente, ela se submeteu a uma abdominoplastia (uma plástica no abdômen) em março com o cirurgião. Alguns dias depois da cirurgia, com dores, a mulher voltou a procurar o médico. Desde então, ela já teria sido submetida a vários outros procedimentos e não conseguia deixar o hospital.
A paciente foi transferida na última quinta-feira (21) para o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), e submetida na sexta-feira a um procedimento para remoção de tecido necrosado na região abaixo dos seios e na barriga. O curativo foi feito a vácuo e, em seguida, a paciente voltou para o centro de tratamento intensivo onde está recebendo cuidados especiais.
De acordo com o advogado Ornélio Mota, que defende a paciente, o procedimento consistiu em tratar a parte necrosada. "Pude constatar que ela se sentia melhor, com a voz firme e já era outra pessoa", avaliou.
Ontem, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro negou um habeas corpus pedido pela defesa do cirurgião plástico.
O que diz o hospital
No início da noite de segunda-feira (18), o Hospital Santa Branca se pronunciou e repudiou a suspeita de cárcere privado, a qual se referiu como "absurda".
"Com 43 anos de funcionamento, essa unidade desconhece tal prática dentro do seu estabelecimento, sempre buscando zelar pela saúde física e mental de seus pacientes, prezando pelo direito de ir e vir dos mesmos, amparado por um equipe multidisciplinar profissional, centros cirúrgicos e CTI com 20 leitos operando 24 horas por dia. Repudiamos quaisquer práticas criminosas que nos foram indevidamente atribuídas! Tal acusação é absurda", diz a nota.
*Com Marcela Lemos, em colaboração para o UOL, no Rio, e Agência Brasil.
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