Topo

Morre idosa de 103 anos resgatada durante incêndio em casa de repouso em SP

Gelta Maria Meneguim Wonraht e a tia Ermozira da Conceição Clemente, 103, uma das sobreviventes de incêndio em casa de repouso em SP - Arquivo pessoal
Gelta Maria Meneguim Wonraht e a tia Ermozira da Conceição Clemente, 103, uma das sobreviventes de incêndio em casa de repouso em SP Imagem: Arquivo pessoal

Do UOL, em São Paulo

26/09/2022 12h42

Morreu ontem a idosa de 103 anos resgatada de uma casa de repouso durante um incêndio em São Mateus, zona leste de São Paulo. Ela estava internada em estado grave no hospital São Mateus desde o episódio, ocorrido na madrugada de 10 de setembro.

Com isso, agora são sete pessoas mortas no local. Entre elas, a única funcionária do estabelecimento no momento do incêndio, que estava no seu primeiro dia de trabalho.

A investigação. A Polícia Civil apura se a responsável pelo estabelecimento, que não tinha alvará de funcionamento, será indiciada por incêndio culposo e homicídio. A investigação só será concluída após a conclusão dos laudos no local. No entanto, ainda não há previsão para a entrega desses exames.

"Minha tia lutou para sobreviver. Mas não teve mais forças e partiu para o céu", disse a advogada Gelta Maria Meneguim Wonraht, 65, sobrinha de idosa.

Enterro só após exame de DNA. Therezinha Barbosa Ribeiro, 81, foi a única vítima que morreu carbonizada, já que estava no quarto dos fundos onde ocorreu o incêndio. Segundo a família, o corpo dela só pôde ser enterrado após o exame de DNA na última sexta-feira (23) no cemitério Vila Carmosina, na zona leste da capital paulista, quase duas semanas após a sua morte.

Therezinha Barbosa Ribeiro, 81, teve o corpo carbonizado em incêndio em lar de repouso em São Mateus, zona leste de São Paulo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Therezinha Barbosa Ribeiro, 81, teve o corpo carbonizado em incêndio em lar de repouso em São Mateus, zona leste de São Paulo
Imagem: Arquivo pessoal

"O caixão estava lacrado. Mas nos deixaram ao menos fazer uma oração. Minha mãe morreu por causa da imprudência e da irresponsabilidade desse estabelecimento. Não vou descansar enquanto os responsáveis não paguem pelo que aconteceu", disse o autônomo Valdir Ribeiro, 44, filho de Therezinha.

Quem são as outras vítimas do incêndio. A cuidadora Adriana dos Santos Souza, 39, estava no seu primeiro dia de trabalho, quando ocorreu o incêndio na casa de repouso. Única funcionária no local, ela estava em um dos quartos e morreu em decorrência da inalação da fumaça.

Da esquerda para a direita: Adelson Alexandre Gino, Luciane Avelina Chaves, Ermozira da Conceição Clemente e Therezinha Barbosa Ribeiro - Arquivo pessoal/Arte UOL - Arquivo pessoal/Arte UOL
Da esquerda para a direita: Adelson Alexandre Gino, Luciane Avelina Chaves, Ermozira da Conceição Clemente e Therezinha Barbosa Ribeiro
Imagem: Arquivo pessoal/Arte UOL

Adelson Alexandre Gino, 61, e Arthuro Loureiro Perez, cuja idade não foi revelada, estavam no mesmo quarto da cuidadora e também morreram por inalação da fumaça causada pelo incêndio.

Segundo a família, Adelson estava sob os cuidados da casa de repouso desde abril, quando o estabelecimento funcionava em outro endereço. Ele estava havia três meses no imóvel onde ocorreu a tragédia. Ele foi levado ao local após sofrer uma queda, que o deixou com problema em um dos braços, de acordo com os parentes.

Sonia Pinho, 71, cujo corpo foi encontrado dentro do box do banheiro por peritos do IML (Instituto Médico Legal), estava internada em casas de repouso há mais de um ano. Diagnosticada com esquizofrenia havia oito anos, ela morava com a família. Mas, devido ao agravamento da doença, precisou ser levada a um estabelecimento.

O corpo de Luciane Avelina Chaves, 42, que tinha Síndrome de Down, foi encontrado na cozinha da casa de repouso. Segundo a Polícia Civil, ela morreu em decorrência da inalação da fumaça causada pelo incêndio no quarto dos fundos do estabelecimento. Luciane estava em casas de repouso havia dois anos, segundo a família, já que necessitava de cuidados.

"Podia ser a minha mãe também". Com a morte da idosa de 103 anos, a única sobrevivente do incêndio foi Maria da Conceição Ramos, 74. O filho dela, Weverton Luiz Ramos, 32, lamentou a tragédia em conversa com o UOL horas após o incêndio. "Está todo mundo atordoado, né? Me coloco no lugar das famílias que perderam os seus parentes. Podia ser a minha mãe também."