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Comunhão: o que significa Bolsonaro e Tarcísio negarem hóstia em Aparecida

O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e Tarcísio Freitas, que concorre ao governo de São Paulo, durante missa na Basílica de Aparecida - Felipe Pereira/UOL
O presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, e Tarcísio Freitas, que concorre ao governo de São Paulo, durante missa na Basílica de Aparecida Imagem: Felipe Pereira/UOL

Thiago Varella

Colaboração para o UOL

17/10/2022 14h11

Além de toda polêmica causada por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Aparecida (SP), na última quarta-feira (12), e do fato de que o candidato à reeleição fez campanha eleitoral e ofuscou a celebração do dia de Nossa Senhora Aparecida, algo chamou a atenção de algumas pessoas durante a missa. Tanto Bolsonaro quanto Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, não comungaram.

Em um vídeo, é possível ver quando a comunhão é oferecida aos dois durante uma das missas celebradas dentro do Santuário de Aparecida. Bolsonaro chega a balançar a cabeça, indicando claramente que não iria comungar.

Na Igreja Católica, a missa é a celebração da eucaristia. A comunhão é o sacramento em que se recebe o corpo e o sangue de Cristo na forma de pão e vinho.

Segundo o teólogo Felipe Zangari, mestre em Ciências da Religião pela PUC Campinas, recusar a comunhão, como fizeram os dois candidatos, significa reconhecer que não se está em condições de recebê-la. E isso pode acontecer por três motivos:

  1. Por não crer no mistério ali contido --a fé de que a Eucaristia é o Cristo em corpo, sangue, alma e divindade;
  2. Por alguma situação que pesa na consciência do fiel, e que configura pecado grave na própria vida do fiel. Neste caso, a Igreja pede que o fiel se arrependa, se confesse e volte a comungar;
  3. Pelo reconhecimento do fiel de que está em pecado público irremediável no curto prazo.

O motivo real que faz um fiel não comungar é muito particular. Mas, por exemplo, o fato de ter se divorciado é razão para que Bolsonaro não comungue.

"A união dele com Michelle é considerada irregular a partir da fé católica. No rigor do direito canônico, Bolsonaro vive em adultério", afirmou Zangari.

Por ter se batizado em uma igreja evangélica, o presidente também pode, em tese, não se considerar mais católico e, portanto, não crer mais na eucaristia. Em 2015, Bolsonaro se disse católico, apesar de ter filhos evangélicos. Mas, no ano seguinte, o presidente foi batizado no rio Jordão, em Jerusalém, pelo pastor Everaldo.

Independentemente do motivo, o fato é que como estava presente e participando de uma missa católica, a Bolsonaro foi oferecida a comunhão sem nenhum tipo de questionamento, como normalmente ocorre com qualquer pessoa.

"A orientação pastoral é não negar o sacramento a ninguém. A Igreja coloca, nessas condições, a primazia na consciência do fiel", explicou Zangari.