Bebês chorando e falta de água: passageiros relatam caos em rodovias
Os bloqueios em rodovias provocados por caminhoneiros bolsonaristas têm levado o caos a passageiros que tentam se deslocar desde a noite de domingo (30). Eles relatam longas esperas em ônibus, falta de água e de comida. Grupos com crianças têm ainda mais transtornos.
Nesta terça-feira (1), havia 217 bloqueios, segundo balanço divulgado às 9 horas. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes ordenou na segunda-feira à noite que a PRF (Polícia Rodoviária Federal) e policiais militares dos estados desobstruam todas as rodovias bloqueadas por caminhoneiros bolsonaristas.
O movimento atinge 22 estados e o Distrito Federal. Os caminhoneiros contestam o resultado das eleições, que coroou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Em viagem do Rio para São Paulo, uma bancária de 24 anos que preferiu não se identificar por medo de retaliações aguardava a liberação da rodovia com o marido e a filha de 7 anos nesta segunda.
Ela ficou presa na altura de Barra Mansa (RJ) porque a Via Dutra, principal ligação rodoviária entre o Rio e São Paulo, foi bloqueada na segunda-feira.
"As crianças ficam sentadas na rodovia. Tem ônibus com bebês chorando", disse.
"Quem comprou água, alimento, está oferecendo o tempo todo, mas (os caminhoneiros) não querem liberar a pista. Simplesmente acham que são os donos da via e podem acabar com o direito de ir e vir das pessoas", reclamava.
"A cena é lamentável. Tem muitos ônibus parados, com famílias, crianças pequenas, todo mundo na rua, procurando sombra", contava a nutricionista Adriana Cardoso, 38, no início da tarde desta segunda-feira (31).
O ônibus onde Adriana estava também ficou parado na região de Barra Mansa. Adriana voltava de São Paulo para o Rio depois de ter votado na capital paulista.
Sem comida e sem água no ônibus, ela caminhou com malas, pelo acostamento, até o restaurante mais próximo. "Andei 8 km. É muita coisa, super cansativo, puxando mala", diz a nutricionista. Ela estava sem comer desde a noite do dia anterior.
No restaurante, segundo conta, os pães haviam acabado ontem no início da tarde e as geladeiras com água e refrigerante estavam vazias. "Vi famílias andando com criança no colo".
Para Adriana, a situação é preocupante — não apenas pelo bloqueio da rodovia onde está, mas pelo que pode vir pela frente.
"Foi uma disputa muito acirrada, mas o Lula (Luiz Inácio Lula da Silva, do PT) ganhou. Tem de aceitar o resultado e acabou. Estou muito preocupada com o que vai acontecer agora."
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