Defesa pedirá liberdade para mulher que matou noivo em motel tratar doença
A bacharela em direito Marcella Ellen Paiva Martins, 31, que confessou ter matado o noivo em um motel no Distrito Federal, foi presa depois de ter recebido um diagnóstico de tumor no cérebro, segundo o advogado Johnny Cleik Rocha da Silva, responsável por sua defesa. Ele pedirá à Justiça pela liberdade temporária da ex-modelo para que ela possa tratar a doença em hospital especializado.
O pedido será apresentado após a transferência da mulher para o presídio de Brasília, esperada para os próximos dias. Ela estaria apresentando sintomas, como dores de cabeça, há alguns meses, e só teria procurado um médico por insistência do noivo, o consultor empresarial Jordan Guimarães Lombardi, 40, com quem se casaria em janeiro, numa celebração de luxo.
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O defensor de Marcella afirmou que esteve com ela no sábado, no presídio de Barro Alto e que, em depoimento, ao longo de cerca de uma hora e meia, ela confirmou toda a dinâmica do crime. Ela teria dito ainda que fez uma tomografia para verificar o tumor no Hospital Albert Einstein, no dia 4 de novembro, logo após ter desmaiado em um shopping center de São Paulo.
O pai de Marcella, Marcelo Araújo, afirmou ao UOL que a filha já lidou com um câncer de pele, em remissão e que agora foi verificado que ela apresentava um inchaço na hipófise. Araújo declarou ainda que a mãe dele, avó de Marcella morreu de câncer, bem como dois tios maternos dela, com tumores também na cabeça.
"A tomografia acusou o tumor, então ela foi alertada que deveria realizar uma ressonância magnética para investigação detalhada da condição. Mas ela saiu fugida do hospital. Jordan chegou a mandar mensagem para a mãe dela, que ele chamava de 'mami', pedindo para ela ajudá-lo a convencer Marcella a fazer a ressonância", afirma o defensor Johnny Cleik Rocha da Silva.
Segundo o advogado, ela já havia lutado contra um câncer alojado nas costas e tinha medo das consequências de um tumor no cérebro. "Ela não queria mais que cortassem ela", disse o advogado. "Por isso, não voltou".
Rocha da Silva alegou ter entrado em contato com o Hospital Albert Einstein, onde os exames foram conduzidos, mas que a unidade de saúde teria informado ter como último registro o atendimento recebido por ela em setembro de 2021, quando, na ocasião, teve covid-19. "Os registros desapareceram".
A unidade de saúde nega o sumiço do prontuário. Em nota ao UOL, a unidade informou apenas que "o Einstein informa que os prontuários ficam à disposição dos pacientes no hospital".
"O fato é que a Marcella vai precisar de atendimento médico com urgência. Nosso pedido de liberdade provisória se baseia nisso. Vou pedir que ela saia para poder realizar o tratamento", afirmou o advogado da ex-modelo.
Crise de pânico e desmaio
O advogado foi informado no sábado (12) que Marcella teria passado mal no presídio de Barro Alto (GO), para onde foi transferida na sexta-feira (11), após ser detida pela polícia goiana durante uma tentativa de fuga.
"Antes mesmo de eu conversar com a minha cliente, a diretora do presídio veio me informar que ela havia passado mal na sexta-feira. Ela me disse que ela apresentou uma crise de pânico, se sentiu mal e foi levada ao hospital. Porém, eu a questionei dizendo que chamar de crise de pânico era muito superficial, pois eu já sabia que ela era portadora de tumor no cérebro", declarou.
Em nota enviada na manhã de hoje ao UOL, a direção da Unidade Prisional de Barro Alto desmentiu informações de que a detenta teria desmaiado na cadeia, afirmando que ela apenas comunicou aos policiais penais que "não estava bem" e foi encaminhada a uma unidade de saúde municipal para passar por avaliação, em que foi constatada a crise de pânico.
Relembre a história
O caso da bacharela em direito repercutiu nacionalmente por conta dos detalhes inusitados de sua fuga após a morte do noivo, atingido por um tiro de arma de fogo no olho, na madrugada do dia 9.
Após atirar contra Jordan dentro de um quarto de hotel em Brasília, ela teria fugido do local nua, usando o veículo do noivo, um Audi Q7. Como o carro, que pertence à empresa da vítima, é rastreado, ele parou de funcionar cerca de seis quilômetros depois.
Segundo o advogado de Marcella, na tentativa de continuar fugindo, ela teria abordado duas vans escolares, sem sucesso, antes de "pegar carona" em um caminhão que a conduziu até Girassol (GO), onde o motorista, assustado, parou em um posto de gasolina e fugiu correndo. Cansada, ela decidiu se entregar.
O casal havia se conhecido há dois anos, em São Paulo, para onde a suspeita tinha se mudado em busca de "tentar a vida como modelo". Jordan trabalhava na capital paulista como sócio de uma empresa de consultoria empresarial norte-americana.
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