Esqueleto de 'mão gigante' intriga moradores do litoral de SP
Um casal de Ilha Comprida, no litoral de São Paulo, encontrou uma ossada misteriosa durante um passeio pela praia, na manhã de ontem. Letícia Santiago postou fotos da descoberta em um grupo de moradores da cidade, destacando que, apesar de parecer uma mão humana, os ossos eram grandes demais para pertencer a uma pessoa.
"Eu e meu namorado, andando pela praia, encontramos essa 'espécie' de mão. Não achamos que pode ser humana por conta do tamanho e quantidades de falanges...estamos impressionados", escreveu Letícia ao compartilhar o registro no Facebook.
Além de fotos, ela e o namorado, Devanir Souza, também gravaram vídeos logo depois de "tropeçarem" na ossada, se mostrando intrigados sobre a origem do artefato, que foi tirado da faixa de areia e limpo pelo casal.
"Nós estávamos andando aqui na praia, na Ilha Comprida, e olha no que a gente tropeça. As três pontas dos dedos estavam pra cima, a gente brincou que era uma mão humana, batemos uma água e olha o que aparece: Não é humano, é muito grande. Olha o tamanho desses dedos", destacou Letícia na gravação, com o namorado comentando também sobre a rigidez e grossura do osso.
"Pensa um 'trem' duro da bexiga. A parte do osso é totalmente diferente do humano. Que bicho é a gente também não sabe, se é um alienígena pior ainda", brincou o casal.
O UOL ouviu um dos maiores especialistas em osteomontagem do Brasil, o cearense Carlos Amâncio, sobre o tipo de animal conectado à ossada encontrada pelo casal em Ilha Comprida. Segundo ele, não se trata de uma ossada de "mão gigante", como muitos internautas comentaram. Mas, sim, de uma nadadeira de tartaruga.
A osteomontagem é uma técnica onde o especialista dispõe os ossos de um determinado animal em sua posição e função original, colocando o esqueleto em uma posição anatômica, ou seja, semelhante à que a espécie apresentava em vida. Essas montagens são levadas então para estudos e atividades de educação ambiental e exposições em museus.
Ao ver as imagens capturadas pelo casal no litoral de São Paulo, Amâncio não teve dúvida ao dizer se tratar de uma nadadeira dianteira de tartaruga marinha. "Possivelmente de uma tartaruga-verde (Chelonia mydas). De um animal adulto", afirma o especialista.
"O fato de os ossos ainda estarem em um "bom estado" de conservação evidencia a maturidade do exemplar. Animais adultos têm estruturas ósseas mais resistentes que animais jovens. Outro detalhe importante é que os ossos parecem estar fusionados, o que contribuiu para que as estruturas continuem agrupadas. Uma característica de animais adultos", explicou.
O especialista afirma que, ao examinar uma ossada de animal marinho, é importante atentar-se a alguns detalhes que podem diferenciar a estrutura em questão de outros animais, como, por exemplo: cetáceos (golfinhos, botos e baleias) ou pinípedes (leão-marinho, foca e elefante-marinho).
Uma característica importante que deve ser considerada na nadadeira peitoral das tartarugas marinhas, quando comparada com a mesma estrutura dos cetáceos e pinípedes, é o dedo central, o qual é ligeiramente maior que os demais.
"Já nos pinípedes, o dedo maior vai ser sempre o primeiro dedo, que seria equivalente ao polegar dos seres humanos. E no caso dos cetáceos, dentro da sub ordem odontocetos (cetáceos com dentes), essa característica também se repete na grande maioria das espécies", afirma Amâncio.
"Já dentro da sub ordem dos misticetos (cetáceos desprovidos de dentes), a regra é que estes animais só apresentem quatro dedos, e não cinco, como é comum nos quelônios marinhos, nos pinípedes e nos cetáceos com dentes. Que é caso da estrutura encontrada, da tartaruga-marinha. A estrutura está composta por úmero, rádio, ulna, carpos e falanges".
As tartarugas-verdes, comuns no litoral do Brasil, podem pesar até 317 quilos e estão entre as maiores tartarugas do mundo. A cabeça, proporcionalmente pequena, não é retrátil, como as de outras espécies. Ela sai de uma carapaça em forma de coração que pode medir até 1,5 metro.
Segundo informações do Projeto Tamar, essas tartarugas estão em perigo na natureza, em risco de vulnerabilidade. As principais áreas de desova no Brasil são as Ilhas oceânicas de Trindade, a Reserva Biológica do Atol das Rocas e o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha.
Há registros de desovas ainda em praias continentais (cerca de 200 ninhos a cada temporada), principalmente no litoral norte da Bahia. A espécie ocorre nos mares tropicais e subtropicais, em águas costeiras e ao redor das ilhas, sendo frequente a ocorrência de juvenis em águas temperadas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.