Policial é suspensa por transgressão ao expor distintivo e armas no TikTok
Uma policial civil que usava o TikTok para publicar vídeos contando sobre a rotina dela na corporação em Pernambuco foi suspensa por 14 dias por "transgressão disciplinar".
A punição foi determinada em portaria assinada ontem pelo secretário de Segurança do estado, Humberto Freire de Barros.
A portaria afirma que Ruana Pedrosa, conhecida como "Jeisinha de Recife" na rede social, usou objetos institucionais, como camisas, distintivos e armas de fogo, e fez vídeos se identificando como policial dentro da estrutura da corporação, fatos que teriam indicado a transgressão apontada pelo órgão.
O perfil de Jeisinha no TikTok tinha quase 300 mil seguidores e mais de 1 milhão de curtidas na tarde de hoje.
As alegações feitas pela secretaria na portaria afirmam que a funcionária agiu em "desconforme às expectativas do padrão, mormente em relação aos princípios institucionais e aos deveres do cargo público que ocupa".
O órgão disse, ainda, que o comportamento dela gerou riscos às unidades policiais.
Em entrevista ao UOL, o presidente do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco), Rafael Cavalcanti, afirmou que o jurídico da categoria acompanha o caso desde o início e foi surpreendido com a decisão publicada ontem.
"Estamos fazendo o recurso, iremos dar todo o acompanhamento jurídico necessário à policial e vamos recorrer judicialmente dessa decisão administrativa", afirmou. Segundo ele, além de recorrer judicialmente, o Sinpol recorrerá administrativamente da decisão.
Segundo o sindicato, além dos 14 dias de suspensão, a policial deixará de receber quase metade do salário, ficará impedida de progredir de cargo por um ano e terá o tempo de contagem para a licença prêmio concedida a servidores do estado zerado.
Rafael apontou que Ruana é uma "servidora exemplar" que já foi elogiada oficialmente pelo órgão. Ele disse, ainda, que nenhum dos vídeos publicados por ela nas redes sociais prejudicou investigações ou feriu a imagem da polícia.
Para o órgão, a decisão da corregedoria é uma "arbitrariedade" com tons de perseguição.
"Dentro dos incisos que utilizaram para poder punir a policial, são incisos oriundos do Estatuto do Policial Civil, que é de 1972, ou seja, do auge da ditadura. É um estatuto completamente subjetivo, que deixa a possibilidade do estado punir o policial civil por qualquer coisa a depender da interpretação do estatuto", afirmou Rafael Cavalcanti.
Ele apontou a decisão como desmotivadora para a agente e para a categoria. "Uma atividade dessa, para mim, inclusive, humaniza um pouco a polícia, aproxima a polícia da população. Isso aproxima e diminui o nível de receio muitas vezes que a população tem com a polícia", apontou.
Em nota, o Sinpol também apontou a conotação sexista da punição, afirmando que ela não é aplicada da mesma forma a homens ou a pessoas em cargos superiores.
O UOL buscou Ruana, mas ela afirmou que foi orientada a não comentar sobre o assunto.
A Polícia Civil de Pernambuco foi procurada para se posicionar sobre a suspensão da servidora e explicar se ela seria mudada de função quando retornasse ao serviço, mas não respondeu sobre o assunto até o momento. A Secretaria de Defesa Social também foi procurada e não se manifestou.
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