RJ: Dançarino negro é morto a tiros em Niterói e família acusa PMs

O dançarino Matheus Bruno dos Santos Cardoso, 23, morreu após ser baleado na comunidade Engenhoca, em Niterói (RJ).

O que aconteceu

• Matheus estava conversando com dois colegas na comunidade, quando foi atingido por tiros na noite de segunda-feira (19)
• O dançarino chegou a ser levado para o Hospital Estadual Azevedo Lima, mas não resistiu aos ferimentos
• Ele era morador da comunidade, trabalhador e foi morto por policiais militares, afirmam os parentes
• PM disse que foi atacada ao fazer uma abordagem e que apura a conduta dos agentes envolvidos na ocorrência

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Eu não vou deixar ninguém falar que você era bandido, você era trabalhador e eu vou provar isso. Não vai ficar assim não, minha vida. Mais uma vez eu vou lutar, mas agora vai ser por justiça
Adriele Alexandre, namorada de Matheus

Meu genro não era bandido, eu estou aqui para desconstruir o que o Estado está falando e está fazendo. Não houve confronto algum, meu genro não era vagabundo, não tinha arma, droga, rádio, não tinha nada. Ele era dançarino e trabalhava cuidando de cachorro porque perdeu o emprego no estaleiro. Meu genro foi abatido por racismo estrutural do estado
Claudia Alexandre, sogra do dançarino

A Polícia Militar diz que a circunstância da ação está sendo apurada pela Polícia Civil e que colabora integralmente com as investigações. Em nota, a PM informou que agentes do 12ºBPM foram à Avenida Professor João Brasil após receber informação de que criminosos realizariam roubo na região:

"Chegando ao local, os policiais avistaram indivíduos armados na Travessa Otto. Ao tentar realizar abordagem aos indivíduos, a equipe policial foi atacada a tiros e houve confronto. Após cessarem os disparos, os militares encontraram um homem ferido. Ele foi socorrido ao Hospital Estadual Azevedo Lima. Uma pistola e um rádio comunicador foram apreendidos", afirmou a PM.

Amigos e parentes estão marcando um protesto na porta do cemitério do Maruí, em Niterói. O enterro do dançarino está marcado para as 17h. Nas redes sociais, uma parente de Matheus escreveu:

Nunca mais vou ver o meu primo. Sempre é a mesma história que os policiais são recebidos a tiros. Eles esquecem que tem inocentes na rua, em horário que fica criança na rua. Até quando vai ser assim, vidas perdidas?"

O caso será investigado pela 76ª DP. A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil, mas não obteve retorno.

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2022, 77,9% das vítimas de mortes violentas intencionais no Brasil são negras. Entre os mortos pela polícia, os negros representam 84,1% do total.