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Caminhoneiro que encontrou bomba diz que retirou artefato 'vagarosamente'

Motorista "resolveu abrir, quando então se deparou com duas "bananas" de dinamite", diz documento - Reprodução/UOL/24.dez.2022
Motorista "resolveu abrir, quando então se deparou com duas 'bananas' de dinamite", diz documento Imagem: Reprodução/UOL/24.dez.2022
Eduardo Militão, Do UOL e em Brasília

26/12/2022 14h47Atualizada em 26/12/2022 15h48

O caminhoneiro que dirigia o veículo onde o empresário preso por terrorismo instalou uma bomba contou à polícia que ele mesmo retirou, "vagarosamente", o artefato explosivo quando o encontrou em seu caminhão. É o que mostram trechos da investigação obtidos pelo UOL.

Como o motorista encontrou a bomba?

O motorista mineiro Jeferson Henrique Silveira, de 33 anos, acordou às 5h da manhã no sábado (24), véspera de Natal.

Ele estava com o caminhão-tanque em Brasília naquele dia para descarregar no posto de combustível do aeroporto da capital federal.

Segundo seu depoimento aos policiais civis, ele percebeu que havia uma caixa de papelão apoiada no último eixo do lado esquerdo quando fez a checagem rotineira no veículo antes de descarregar o combustível no posto.

A seguir, o motorista tirou os explosivos de seu caminhão "vagarosamente", por conta própria. Jeferson relatou que colocou a caixa vagarosamente ao chão e conduziu o caminhão cerca de 500 metros à frente onde realizou nova inspeção no caminhão.

O caminhoneiro descarregou o combustível no posto do aeroporto e avisou aos operadores. A partir daí, a polícia foi chamada para desarmar a bomba, que ficou no chão, no estacionamento perto de uma concessionária.

Motorista deu depoimento à polícia numa delegacia de Cristalina (GO), a 80 quilômetros de Brasília, horas depois de a bomba ter sido desarmada.

Ele já tinha feito o trabalho e retornava para Minas Gerais. Os policiais, então, foram à cidade goiana, inspecionaram o caminhão, os telefones dele e pediram informações ao motorista. Depois, os agentes fizeram um depoimento contando o que ouviram de Jeferson:

Segundo Jeferson, ele achou que alguém teria esquecido a caixa ali e resolveu abrir, quando então se deparou com duas 'bananas' de dinamite, com uma antena e um 'detonador' com luzes piscando"
Depoimento de agentes e delegados que ouviram o motorista

O UOL tentou contato com Jeferson, mas ele não atendeu aos telefonemas. Os policiais concluíram que ele não participou do crime. Eles vistoriaram o caminhão e inspecionaram os dois telefones celulares do caminhoneiro.

Eles vasculharam as conversas de Jeferson no aplicativo Whatsapp e as suas redes sociais.

"Nada de suspeito foi encontrado, motivo pelo qual os telefones não foram apreendidos", informou o delegado Isac Azevedo na investigação.

Duas pessoas são suspeitas na tentativa de explodir o caminhão-tanque

O empresário do Pará George Washington Souza, 54, suspeito de atos terroristas em Brasília, afirmou à polícia ter tido um outro parceiro na tentativa explodir no sábado um caminhão de combustível em via próxima ao aeroporto da capital federal. Segundo o UOL apurou, a polícia identificou que se trata de Alan Diego dos Santos — que teria deixado a cidade.

Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do DF, Robson Cândido, o empresário armou a bomba porque queria chamar a atenção para o grupo que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL). George gastou mais de R$ 170 mil com armas. Veja aqui parte do depoimento de George à polícia.